Se você nunca sentou numa mesa de poker ao vivo, então ainda não sentiu a verdadeira emoção que é aplicar ou receber um bom blefe. Exatamente nos dois cenários você pode ir do céu ao inferno em poucos segundos. Seja na hora de blefar ou quando descobre que foi blefado, mas faz parte do jogo e todos passam por isso e a grande verdade é que é muito difícil vencer um jogo de poker sem aplicar alguns blefes pelo caminho.

O blefe nada mais é do que uma aposta sem valor. Não que a aposta seja inválida, mas quem apostou não tem mãos formadas e resolve apostar para pressionar o oponente a foldar. É como se fosse uma mentira que, assim como na vida real, se bem contada, pode convencer os outros jogadores a acreditarem na história e isso é o que define o que é blefe no poker.

O verdadeiro blefe só pode ser definido quando a mão já está decidida, mais precisamente, no river, antes disso, os jogadores podem ter mais de um motivo para apostar ou continuar na mão, mas quando bate a quinta carta comunitária, os jogos se formam e os jogadores agora precisam avaliar a força de suas combinações.

Nem sempre os jogadores que apostam no flop e no turn estão com uma mão pronta, eles até podem completar um draw ou mão forte no river, mas se eles decidiram apostar por pressão, é no river que isso é posto ainda mais à prova. A seguir vamos ensinar como avaliar bons blefes e como pegar um blefe no poker.

Qual tipo de poker você prefere?

Você pode ficar confuso com essa definição de que o blefe só acontece no river, e agora vamos te explicar as variáveis entre cada street para você entender melhor esse conceito:

– Pré-flop: primeira street no poker

– Flop: quando existem três cartas na mesa

– Turn: quarta carta da mesa

No pré-flop, os jogadores de Texas Holdem recebem suas duas cartas e precisam decidir a ação. Imagine o seguinte cenário, com uma mesa cheia de nove jogadores:

Exemplo 1: O jogador no UTG aumenta a aposta para 4x o valor do big blind, todos foldam até chegar no button que faz um raise para 12big blinds (3 vezes a aposta inicial). A ação chega no big blind que decide apostar todas as suas fichas com 40 big blinds. Então o jogador no UTG decide foldar e o jogador no button também folda e o big blind puxa o pote.

Percebeu algo estranho? Parece que houve uma história mal contada nessa mão, vamos aos detalhes:

– O UTG abriu 4x, o que é um size grande, acima do normal de 2x e representa força.

– O BTN, jogou de 3-bet, ou seja, aumentou ainda mais a aposta, representando mais força.

Até aqui, tudo bem. Mas quando o big blind aposta suas fichas e tanto o UTG quanto BTN foldam, quer dizer que eles não tinham mãos tão fortes assim, como estavam representando. Podemos dizer que o button estava blefando, pois demonstrou força contra o UTG mas foldou para o big blind.

A grande questão é que não tem como saber quem estava na frente entre o button e o UTG, porque ambos poderiam ter mãos fortes sem ser um par, como AKs, AQo, AJs e o button poderia ter mãos especulativas como KQs, QJs, JTs. O vencedor verdadeiro da mão só seria definido depois de baterem as cinco cartas na mesa, mas isso não aconteceu.

Por isso que não podemos definir que existe blefe no pré-flop, pois são apenas duas cartas que mesmo se estiverem perdendo, podem formar um jogo forte no pós-flop.

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Vamos começar pela jogada avançada mais temida pelos jogadores, o famoso “check-raise”. Apesar de demonstrar muita força, jogadores profissionais deixaram escapar que ela é usada muitas vezes como arma de blefe, porém sempre com um motivo por trás.

Nessa imagem, ninguém tem jogo formado, mas quem apostar primeiro pode levar a mão.

Se você não conhece a jogada, ela é a seguinte:

– Jogador fora de posição joga de check;

– Jogador em posição faz uma aposta;

– Retorna a ação para o jogador fora de posição que aumenta a aposta.

Ou seja, ele jogou de check e depois raise, um “chekc-raise”. Mas o que isso tem a ver com blefe? É que depois de descobrir a palavra backdoor, os jogadores abusam dos check-raises com esse draw no flop.

Um backdoor é uma pedida para jogo forte que precisa da combinação exata de mais duas cartas no turn e river.

Exemplo de possível blefe com backdoor

O A-5 precisa que o turn e o river sejam uma carta de copas para formar um flush, assim como ainda é possível formar uma sequência, desde que venham exatamente as cartas 8 e 6, 6 e 3 ou 3 e 2, independentemente da ordem.

Ou seja, o jogador pode aplicar um check-raise e acertar uma carta de copas ou algum 8,6 ou 3, realizar outra aposta e acertar a quinta carta no river. E o que isso tem a ver com o blefe? É que ele tinha uma mão fraca mas aumentou os seus ganhos porque blefou desde o começo. Até porque os blefes também precisam fazer sentido.

No flop e turn o jogador estava blefando até que acertou um jogo forte no river. Por outro lado, é possível apostar “air” nas 3 streets sem ter nada formado, apenas com alguma percepção do oponente, mas podemos falar sobre isso em outro artigo.

O maior blefe é aquele que é bem contado, por isso é sua função tanto saber contar uma boa história como perceber quando ela não foi bem contada.

Para definir os detalhes da história, precisamos atentar aos detalhes e informações da mesa. Por exemplo, observar se os jogadores possuem manias no tempo de aposta, como apostar mais rapidamente ou devagar com mãos fortes ou fracas, se eles costumam fazer apostas grandes ou pequenas. Tudo isso evidencia padrões e quando o jogador foge do padrão, você deve estar atento para arriscar-se um pouco mais e coletar as fichas dele depois de uma história errada.

Mesmo uma aposta grande no river pode receber um call se o jogador não contar uma boa história. Muitas vezes os jogadores costumam inverter os tamanhos de aposta e apostar forte com seus blefes porque isso coloca pressão nos adversários enquanto com suas mãos de valor, eles apostam mais baixo porque querem receber o call.

Então, não há receita pronta que não seja o conselho para você ficar atento aos padrões de comportamento dos seus oponentes na mesa até conseguir pegar o maior blefe.