Na World Series of Poker 2022, a equipe de filmagem da Winamax teve a oportunidade de registrar uma verdadeira experiência de poker ao vivo. Durante vários dias, eles capturaram toda a ação nas mesas dos jogadores do time profissional da sala – Mustapha Kanit, Adrián Mateos, Davidi Kitai e outros. O material foi editado com os próprios jogadores narrando suas mãos, deixando de fora apenas os folds no pré-flop.
Essa série de vídeos oferece uma visão autêntica do que é a WSOP por dentro: uma sequência infinita de folds, duas ou três mãos relevantes por hora – raramente exigindo um nível extraordinário de habilidade –, e uma dinâmica tão monótona que faz com que você pare de perceber as jogadas dos adversários. Há também o tradicional sushi no café da manhã, jogadores de elite revezando-se à sua mesa, mãos engraçadas entre amigos nos intervalos, turns e rivers desastrosos – e assim segue, dia após dia, por dois meses inteiros de World Series. Pouco espaço para glamour – a menos que você considere romântico ter a chance de eliminar Phil Ivey de um torneio.
O evento em questão é o $10.000 No-Limit Hold’em 6-Max. No início do Dia 2, restam 173 jogadores dos mais de 400 inscritos. Entre eles, o protagonista do episódio 23 da série Na Cabeça de um Profissional: Adrián Mateos Díaz, um dos jogadores europeus mais bem-sucedidos na WSOP. Com um stack de aproximadamente 100 big blinds, ele está entre os líderes em fichas.
Durante a série, costumo frequentar bastante este lugar. Sushi é uma refeição leve e perfeita para começar o dia. Depois do café da manhã, seguimos para o cassino. Na véspera, eu construí um grande stack e estou ansioso para continuar a ação. Este é um dos melhores e mais importantes torneios do meu calendário. O formato short-handed permite entrar em muitas mãos, o que me dá uma grande vantagem.
A WSOP 2022 está chegando ao fim. Ainda há muitas pessoas por aqui, mas em menor número do que antes – nos primeiros dias, os salões estavam completamente lotados. Entro na área dos torneios high stakes, onde as mesas são um pouco maiores do que o normal.
Nos torneios importantes, gosto de ser o primeiro a chegar à mesa. Não quero ter pressa ou me estressar, e ainda posso trocar algumas palavras com os amigos. Além disso, é um sinal para meus oponentes de que estou pronto para a batalha.
Parabenizo meu amigo João Vieira – na noite anterior, ele venceu um bracelete, mas, como um verdadeiro grinder, fez a inscrição no late register e também entrou neste torneio. Ninguém quer perder o 6-Max, nem mesmo o campeão do torneio de high rollers de $50.000!
Começo o dia com 297.000 fichas (119 big blinds), o maior stack da mesa. Se tudo correr bem, este será um dia longo. Entre os jogadores da minha mesa estão Phil Ivey e Jason Koon, que também optaram pelo late register. Já joguei bastante contra os dois, principalmente contra Jason.
Vamos para o Dia 2!
A mesa não é das melhores – só tem profissionais. O único jogador que não conheço é o do seat 2, que está recebendo uma massagem. Mas ele é jovem, então provavelmente também é regular.
Mão 1: K4o no Big Blind contra Daniel
Daniel Rezaei, regular desses torneios, dá limp do small blind. Eu dou check com K4o.
Flop:
Ele dá check. Não faz sentido apostar com K-high, então também dou check. Vamos ver se consigo chegar ao showdown.
Turn:
Agora tenho mais equidade com um gutshot, mas ainda acho que minha mão não é fraca o suficiente para transformá-la em blefe. Ela tem valor de showdown, então, quando Daniel dá check novamente, eu faço o mesmo.
River:
Daniel separa uma pilha de fichas e faz uma overbet. Meu K-high é um bluff-catcher, mas a aposta dele é grande e, com certeza, terei mãos melhores para dar call. Muitas vezes jogarei A-high da mesma maneira, já que apostar com um Ás no flop ou turn não faz muito sentido. É melhor dar call com mãos como Q-high ou J-high. E seria melhor blefar com e . Então decido foldar.
Paul Volpe chega à mesa. Ele é regular dos torneios mais caros dos EUA. Já joguei bastante contra ele. Ele é especialista em mixed games, mas tem muita experiência também em No-Limit Hold'em. Ele joga a WSOP todo ano.
Mão 2: T9o no Small Blind
Recebo T9o no small blind e dou limp.
— Ele deu raise! – diz o dealer, apontando para o jogador desconhecido no segundo seat, no UTG.
Nem vi! Vou ter que pagar com essa mão do small blind. Tudo bem, erro meu, mas agora vou tentar jogar da melhor forma possível. Ivey folda, então ficamos heads-up.
Flop:
Ótimo flop! Dou check, o seat 2 também dá check.
Turn:
Nessa situação, quero checar grande parte do meu range, principalmente porque ele é muito amplo devido ao erro no pré-flop. Dou check.
O oponente aposta 8.000, metade do pote. Call fácil, sem outra opção aqui.
River:
Agora tenho que dar check e decidir dependendo da ação dele.
Ele dá check de volta, o que é uma ótima notícia. No showdown, ele nem mostra as cartas e apenas pergunta:
— Sério que você não viu meu raise?
Mão 3: 66 no Button
Paul Volpe abre raise do hijack. Tenho um call fácil no botão. O segundo seat também paga.
Flop:
Não é um flop ruim, mas também não é ótimo. Se os adversários não mostrarem agressividade, minha mão pode ser a melhor. Se começarem a apostar pesado, provavelmente não.
Todos dão check, então faço o mesmo.
Turn:
Minha mão é de força média, espero que ninguém acelere o pote. Prefiro um check ou uma aposta pequena, pois uma aposta grande seria difícil de continuar.
Ambos dão check novamente. Preciso decidir entre uma aposta pequena ou outro check. Ambos são aceitáveis, mas escolho dar check.
River:
O BB dá check. Se Paul apostar padrão, minha mão parecerá muito boa – um call fácil.
Paul aposta 9.000 em um pote de 20.000. Ok, dou call. O BB folda.
Paul mostra AQo. Parece que ele estava tentando extrair valor de um Ás mais fraco. Acho que ele não me colocou em um par, porque provavelmente acreditou que eu sempre apostaria um par no turn. Foi uma thin value bet.
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Mão 4: AQo contra Daniel no Small Blind
Daniel dá limp no small blind. Tenho uma mão forte, então faço um raise para 4bb. Estamos deep, e ele paga.
Flop:
É um flop muito bom para o meu range, mas não para minha mão. No entanto, preciso apostar frequentemente aqui, e acho que essa mão é uma das que devemos apostar mais do que checar. Faço uma c-bet padrão de 1/3 do pote.
Ele folda. Mais um pote pequeno para mim. Meu stack segue acima da média, tudo está indo bem.
Jason Koon é eliminado. Uma pena, ele é um cara ótimo. Mas sua eliminação é uma boa notícia para mim – ele provavelmente era o jogador mais forte desta mesa.
Mão 5: KQo no Cutoff
Abro raise de 6.000 (2bb) no cutoff. Paul defende o big blind.
Flop:
Esse flop justifica um aumento na sizing da minha c-bet. Tenho dois tamanhos de aposta aqui: um pequeno e um grande. Com esta mão, prefiro usar o maior: 2/3 do pote.
Paul folda imediatamente. Easy game!
Mão 6: Jogando um pote multiway
Dou raise contra quatro jogadores. Ivey folda, mas o seat 2 no botão paga e o BB também entra na mão.
Flop:
Não é um flop ideal, especialmente contra dois jogadores. Não vejo razão para dar c-bet aqui.
Após dois checks, o botão faz uma aposta pequena de 1/4 do pote – um tamanho padrão nessa textura. O BB folda, e eu também não posso continuar.
Mão 7: All-in contra Phil Ivey
Ivey tem um stack de pouco mais de 10bb e shova. Todos foldam. No big blind, tenho – call fácil.
Ivey mostra ATo. Vamos ver se consigo eliminá-lo.
Sem surpresas – minha mão segura, e Ivey está fora do torneio. Mais um grande nome eliminado.
Mão 8: Limp no small blind
Dou limp do small blind, e o oponente dá check.
Flop:
Posso apostar ou dar check – ambas as opções são válidas. Escolho dar check, e ele faz o mesmo.
Turn:
Agora preciso blefar. Aposto 6.000 – 2/3 do pote. O oponente paga.
River:
Acho que preciso continuar atirando. Ele terá dificuldade em pagar com A-high, K-high e até mesmo com um par de 3.
Com todas as mãos com ou melhores, ele vai pagar. 2/3 do pote parece um bom tamanho.
Aposto 15.000. Blefe obrigatório, claro.
Ele pensa por um longo tempo e folda. Ótimo.
Mão 9: AJo do BTN
Depois disso, passo alguns órbitas sem receber nada jogável, mas esta mão no botão, claro que vou jogar:
O big blind defende.
Flop: .
Esse flop é ótimo para o meu range, mas ruim para minha mão. Ainda assim, minha vantagem é grande o suficiente para justificar um c-bet.
Aposto 5.000, e o BB imediatamente folda.
Mão 10: AJo (novamente) contra um raise
Daniel abre raise no hijack, e eu tenho AJo novamente. Nessas posições, tanto call quanto 3-bet são opções válidas. Opto pelo call para evitar construir um pote muito grande.
Ficamos heads-up.
Flop:
Tenho um gutshot, mas um Ás pode ser suficiente no showdown. O adversário dá check. Acho que é melhor checar atrás com essa mão.
Turn:
Ótima carta! Daniel dá check novamente. Aqui, tenho uma value bet clara.
Aposto 13.000 em um pote de 19.500. Ele pensa e paga – boa notícia.
River:
Essa carta não muda nada. Daniel dá check.
Minha mão é muito forte para não extrair valor aqui. Preciso decidir o tamanho da aposta.
Nesta textura, não tenho tantos blefes, mas com minha mão, qualquer sizing entre 2/3 e overbet é aceitável.
Decido por uma aposta um pouco maior, cerca de 75-80% do pote, um tamanho equilibrado para essa linha.
Daniel folda, e eu ganho mais um pote. Meu stack está crescendo aos poucos – que continue assim!
— Não esqueça de anotar a mão no celular! – lembra meu vizinho de mesa. Os jogadores sabem que preciso reportar minhas cartas para a equipe de filmagem.
Mão 11: Blind vs. Blind contra Daniel
Daniel dá limp. Tenho e dou check para evitar inflar o pote.
Flop:
Péssimo flop. Se ele apostar, terei que foldar.
Ele aposta 8.000, um tamanho grande. Isso torna o fold ainda mais fácil.
Mão 12: Raise no CO
Abro raise no cutoff. O small blind pensa bastante, mas folda – o que é bom.
Infelizmente, o big blind paga. Ao mesmo tempo, o anunciante no salão informa o início do intervalo de 15 minutos.
Flop:
Não é um bom flop para minha mão, mas se encaixa bem no meu range – tenho mais do que o BB. Nessas situações, uso dois sizings – um grande e um pequeno. O maior parece melhor aqui.
Aposto 12.000, e o BB insta-folda antes de sair correndo da mesa.
Ótimo começo de dia! Intervalo!
Os planos para o intervalo são os de sempre: ir ao banheiro e, se sobrar tempo, conversar com alguns amigos.
Assim que o jogo retorna, nossa mesa é quebrada. Ótimo – o field aqui não estava tão bom.
Espero que a nova mesa seja melhor. Fui colocado em uma mesa na borda da área do torneio, que também está prestes a ser quebrada. Provavelmente, não ficarei muito tempo aqui.
Vejo alguns rostos conhecidos. Jake Schindler está em posição sobre mim. Regular de high rollers, já jogamos várias vezes.
À minha direita estão Ivan Leira e Alex Rear, dois franceses. Parece que Alex também ganhou um bracelete este ano, então está em ótima fase. Vamos ver como será a dinâmica aqui...
Mão 13: QTs no Button contra Alex no BB
Tenho , um open fácil do botão.
Alex defende o big blind.
Flop:
Alex dá check.
Tenho um combo-draw muito forte, muitas cartas melhoram minhã mão. Posso tanto apostar quanto dar check, mas prefiro apostar com frequência.
Escolho um sizing maior, 2/3 do pote. Alex paga.
Turn:
Péssima carta.
Se Alex der check, terei duas boas opções. Mas ele lidera com uma aposta pequena, 1/3 do pote.
Contra esse tipo de donk bet, posso escolher entre call ou raise. Mas o call é mais padrão.
Opto por uma linha mais conservadora e pago.
River:
Excelente carta para o meu range – tenho muitos A-high com espadas.
Ainda assim, Alex faz uma aposta de 2/3 do pote.
Essa é uma das minhas mãos mais fracas neste spot. Eu bloqueio alguns dos blefes dele com espadas e alguns dos blefes como , . Tenho muitos bluff-catchers melhores para dar call. Se eu foldar Q-high sempre, ele não pode me explorar. Decido desistir da mão.
Uma pena – o flop era ótimo, mas o turn e o river estragaram tudo.