Owen Messere, conhecido como Prodigy no CoinPoker, é oficialmente o campeão mundial de cash games. Ele terminou em primeiro lugar no ranking do CoinPoker, que contou literalmente com os melhores jogadores de cash game do mundo, batalhando ao longo de várias semanas.
Owen conseguiu ganhar $681.000 em 43.000 mãos, jogando principalmente em $50/100 e algumas mesas de $100/200. Isso representa uma win rate superior a 10 big blinds por 100 mãos, algo incrível em qualquer stake, ainda mais contra os melhores jogadores do mundo.
Hoje, vamos analisar uma jogada genial que ele fez e como você pode replicá-la em suas partidas. Mas, para entendê-la completamente, primeiro precisamos examinar o conceito por trás dela. Esse é um erro comum entre iniciantes e, ao mesmo tempo, um conceito que jogadores avançados não utilizam com a frequência que deveriam. Aplicá-lo corretamente pode ajudar a evitar perdas em potes grandes e garantir mais ganhos nos potes massivos.
Vamos conferir. Owen abre com $7.500 no botão e recebe um call do big blind, que é Barak Wisbrod, um dos maiores vencedores de cash games dos últimos anos.
O flop vem . Em flops 9-high com duas espadas, uma c-bet maior geralmente é a melhor escolha. O solver sugere uma aposta de 75% do pote, mas se você mantiver consistência em todo o seu range, um tamanho maior também pode ser eficaz, que foi exatamente o que Owen escolheu. Essa overbet seria usada em aproximadamente 40% do range, um pouco menos do que a aposta de 75% do pote.
O big blind precisa reagir de forma diferente contra uma aposta de 75% em comparação a uma overbet. A principal diferença é que, ao enfrentar uma overbet, ele deve pagar com muito menos frequência.
Para você, que está no botão, um dos fatores a considerar ao decidir o tamanho da sua c-bet é como acredita que o big blind reagirá:
- Se você acha que seu oponente foldaria demais contra uma aposta de 75% do pote, por exemplo, porque ele não encontraria calls com mãos como K-high ou Q-high, pode ser interessante escolher esse tamanho.
- Se acredita que ele cometeria erros maiores contra uma overbet, como pagar com pares baixos ou não dar check-raise com a frequência necessária, então a overbet pode ser uma escolha melhor.
Barak paga, e o turn traz um , com PR0DIGY acertand um flush em 7. Dar check também seria uma opção viável aqui.
Owen decide apostar 2/3 do pote, enquanto o solver claramente prefere um bet de 1/3 do pote. Este é um spot onde o big blind tem muitos flushes, pois ele teria apenas pagado no flop com a maioria dos flush draws, já que enfrentava uma overbet.
Por outro lado, o botão tem mais sets, overpairs e dois pares, então uma aposta menor beneficiaria essas mãos e evitaria colocar muito dinheiro contra um range carregado de flushes.
Se o big blind tivesse se desviado do GTO, dando check-raise com mais flush draws no flop, ele teria menos flushes no turn. Nesse caso, o botão poderia apostar maior. Não sabemos se essa foi a leitura de Owen sobre a situação, se ele achou que Barak teria dificuldades contra um bet de 2/3 do pote, ou se simplesmente avaliou mal o spot. De qualquer forma, contra uma aposta de 66% do pote, Barak deveria responder com check-raises usando algumas mãos feitas fortes, como flushes e trincas de 9, além de alguns blefes. Esses blefes viriam de mãos como e combinações de 6-5 com espadas, resultando em um range bastante polarizado.
Claro, nunca daríamos fold em um flush aqui, mas também não há motivo para aumentar, pois o range polarizado de Barak inclui quase exclusivamente mãos com muito menos ou muito mais equidade do que a nossa. Isso significa que, ao aumentar, estaríamos apenas forçando as mãos de baixa equidade a foldar, enquanto manteríamos as mãos de alta equidade no pote. E, nesse caso, essas mãos de alta equidade são quase sempre flushes melhores que o nosso — o que não é nada bom.
No river, Barak dá check. Então, ao enfrentar um check, sua primeira reação é pensar: qual tamanho de aposta usar?
- Devemos shovar para extrair o máximo de valor?
- Apostar 50% ou 75% do pote?
- Ou uma aposta pequena, de 1/3 do pote, para incentivar calls de mãos mais fracas?
Na verdade, essa última opção é muito boa. Vamos relembrar a análise do turn. Do turn para o river, como o range de Barak mudou?
Praticamente nada. Suas mãos de baixa equidade agora têm ainda menos equidade, enquanto suas mãos de alta equidade continuam sendo, na maioria das vezes, flushes melhores que o nosso.
Então, quando o range dele inclui muitos flushes, alguns sets e alguns blefes que não acertaram nada, a pergunta que devemos fazer ao decidir apostar é: que mãos vão pagar nossa aposta?
Estamos sendo pagos por draws perdidos? Não. Estamos sendo pagos por flushes? Bem, sim, mas como não está no range do big blind na simulação, literalmente só existem flushes melhores possíveis do que nosso 7-5 do mesmo naipe, o que significa que as únicas mãos piores que a nossa e que poderiam pagar seriam trincas. E nesta simulação, apenas às vezes dariam raise no turn e apenas uma fração deles pagaria no river, o que seria suficiente para tornar uma aposta com 7-5 algo teoricamente possível às vezes.
Mas quando você está jogando contra um oponente real que não é um jogador de high stakes, pense em com que frequência você realmente espera que ele dê check-raise com uma trinca no turn depois de dar check-call em um overbet no flop.
- Aumento do bônus de primeiro depósito
- Aumento de rakeback e em bônus
- Ajuda com depósitos e saques
- Acesso a freerolls exclusivos
- Suporte 24 horas por dia, 7 dias por semana
Se a resposta for nunca, então essa também deve ser a resposta para com que frequência você quer apostar no river ao mesmo tempo. Um jogador de limites mais baixos pode não dar slow-play em um flush com tanta frequência no river, ou até nunca, e isso tornaria apostar seu flush mais lucrativo porque você perderia o pote com menos frequência ao apostar. Mas ainda assim, seria necessário que algumas mãos piores pagassem. Seja qual for o caso para você, é importante garantir que você não está jogando sua mão pelo valor da sua categoria de mãos, mas pensando em quão forte ela realmente é contra o range de call do seu oponente.
O que impacta seu jogo no river:
- Com que frequência seu oponente dá check-raise com uma trinca no turn?
- Com que frequência seu oponente dá slow-play com um flush no river?
- Quão forte é sua mão contra o range de call do oponente?
Embora este seja um conceito relativamente básico a se prestar atenção, olhar para ele pelo outro lado da moeda mostra no que até mesmo jogadores avançados podem melhorar.
Owen abre no small blind com e é pago por AbsoluteTopUp no flop . Ele faz uma c-bet de 25% do pote, algo que poderia ser feito com todo o seu range, já que ele tem todas as cartas altas nessa situação, e o big blind não. Ele tem uma enorme vantagem de range no flop e, por conta disso, o big blind quase nunca daria raise aqui em teoria.
Então, AbsoluteTopUp paga, e o turn traz um . Agora, a vantagem de range mudou; o range do small blind ainda inclui 100% das mãos, enquanto as piores mãos do big blind foram filtradas no flop, o que força o small blind a dar check na maioria das vezes.
Ainda assim, a vantagem de nuts está do lado do small blind; mãos como , , e nunca estarão no range do big blind, e e JTs são consideradas porque às vezes seriam 3-betadas no pré-flop.
Agora, o small blind pode apostar às vezes, seja com uma overbet para realmente explorar a vantagem de nuts ou com outra aposta pequena para buscar um valor mais fino, enfrentando outra aposta pequena. Devido à mudança na vantagem de range, TopUp pode agora aumentar mais frequentemente do que no flop; no entanto, a frequência exata depende muito de como Owen joga seu range no turn. Se ele usa apenas apostas pequenas para todas as mãos que aposta, ele ainda mantém uma grande parte das mãos fortes nesse range. Se ele divide o range, como nesta simulação — ou seja, usa parte do range para apostas pequenas e outra parte para overbets—, o range que aposta pequeno naturalmente inclui menos mãos de nuts. Nesse caso, TopUp poderia aumentar mais frequentemente do que no outro cenário.
Ele apenas dá call, e o river traz um .
E Owen faz uma aposta pequena novamente aqui. Qualquer tamanho de aposta seria aceitável em teoria; mãos com prefeririam apostar pequeno, enquanto trincas e mãos melhores misturariam apostas grandes e pequenas. Neste ponto, depois de enfrentar três apostas pequenas de 25% do pote, qualquer e mãos melhores no range de TopUp deveriam aumentar para valor 100% das vezes, e até mesmo algumas mãos fariam isso. Essas mãos são acompanhadas por alguns blefes, muitos sendo draws de sequência que não bateram como e , mas também alguns pares baixos e até mesmo mãos com , que poderiam blefar raises para tentar fazer do small blind foldar.
Então, com , estamos basicamente em um terreno neutro; não precisamos decidir se devemos foldar, mas, similar à mão anterior, não queremos reabrir a ação ao aumentar, pois isso nos faria ser pagos apenas por mãos melhores. Ou será que não?
Bom, é aqui que jogadores de elite se separam dos bons jogadores, porque este spot é diferente.
Como já estabelecemos, o big blind não tem muitas mãos de nuts neste board, pois , , e sempre seriam 3-betados, e e JTs às vezes também. Isso significa que a quantidade de mãos melhores é limitada.
Além de e JTs, há, claro, alguns mais altos possíveis — , e —, mas o interessante aqui é que e seriam, na verdade, mãos ruins para pagar um shove no lugar de TopUp.
Isso porque os blefes mais frequentes de Owen ao shovar seriam exatamente mãos com e . Então, quando o oponente tem ou , ele bloqueia os blefes mais prováveis, tornando essas mãos piores para pagar um all-in do que mãos como a .
Se você não espera que seu oponente shove mãos medianas, então shovar pode fazer com que mãos melhores foldem e mãos piores paguem ao mesmo tempo — uma jogada genial que faz parte da estratégia do solver, mas que é extremamente difícil para um humano encontrar.
Para o solver, pagar ainda é a opção preferida, mas o fato de que o valor de shovar não é muito menor do que pagar significa que, se qualquer pequena mudança no range do big blind ocorrer, shovar pode rapidamente se tornar a melhor jogada.
Isso aconteceria se:
- TopUp pagasse mais frequentemente com contra o shove.
- Ele tivesse menos nuts no range no river porque aumentou mais no turn ou enfrentou uma aposta maior contra a blocking bet no river.
Shovar se torna melhor quanto mais AbsoluteTopUp...
- Paga com mais fracos contra o shove
- Dá raise com mãos melhores em streets anteriores
- Dá raises maiores com mãos melhores contra a blocking bet no river
Então, o que podemos aprender com as jogadas de Owen é que devemos pensar duas vezes sobre o quão boa nossa mão realmente é antes de fazer a jogada padrão.
Pense sobre quantas mãos melhores ou piores vão pagar se você apostar ou aumentar. Quantas dessas mãos seu oponente realmente tem no range? Quantas dariam fold ou call contra sua aposta ou raise?
Contra um range polarizado, apostar ou aumentar para valor fino não é a melhor ideia. Já contra um range condensado, que inclui muitas mãos médias, você pode extrair muito mais valor apostando e aumentando de forma mais fina. Isso aumenta o risco, mas também o retorno.
Só certifique-se de que, não importa o quão genial seja sua jogada, você está preparado tanto para o retorno quanto para o risco.
