Artem Vezhenkov: Eu queria convidar o Andrey para o meu canal há muito tempo, mas por vários motivos não deu certo. Agora, surgiu uma ótima oportunidade. Pela primeira vez em muito tempo, eu fiquei completamente fora do poker. Em setembro, nem sequer tive um laptop de trabalho, então não sei quem deu sorte, quem afundou, quem fez 10 reentradas, e nem sei se o high-stakes poker está realmente morto. Esperei pacientemente e não perguntei nada antes para discutirmos com entusiasmo essas questões na transmissão ao vivo. Como foi sua experiência nas séries de outono?
Andrey Novak: Olá a todos. Fico feliz em ver tantas pessoas no chat. No geral, tudo correu bem, nada excepcional, mas poderia ter sido bem pior. Rapidamente ganhei $150k, mas depois fui devolvendo o dinheiro gradualmente. No final, acabou de maneira divertida. No último dia, eu estava jogando uma mesa, o main WCOOP de $109. Fui eliminado por erro meu quando estava no top-100. Nesse dia, já tinha perdido cerca de $50k, então estava apenas jogando o que restava. Quando fui eliminado, um baú vermelho piscou no meu lobby. Antes disso, ganhei $360 em um baú de bronze, e fiquei curioso para ver quanto ganharia nesse. Paralelamente, tinha outros lobbies de torneios caros abertos – os mains de $10k, $1k e o high roller de $25k. Estava acompanhando o que acontecia. O PokerStars tem um bug, quando você tenta abrir o baú, ele fica girando e depois trava, você tem que tentar de novo.
Artem Vezhenkov: Isso já acontece há anos, ainda não consertaram?
Andrey Novak: Eles pegaram os programadores do partypoker, então está tudo igual. Enfim, depois de uma longa sessão, ao invés de clicar no baú, acabei clicando em "Register" para o torneio de $25k. Como se já não tivesse perdido o suficiente. Entrei com 10 minutos restantes para o final das entradas e fui eliminado pelo Linus depois de sete mãos iniciais, mas em termos de EV, me saí bem.
Artem Vezhenkov: Atualmente, faz sentido jogar as séries caras? Há alguns anos, havia a discussão de que nesse período era melhor para tirar férias, porque a concentração de regulares não era compensada pelo número amadores. As séries agora têm enormes buy-ins. Quase ninguém joga por conta própria, já que é necessário um bankroll muito alto, especialmente se for jogar tudo no topo com reentradas. Há rumores de que no futuro haverá uma comissão adicional nas séries. Isso diminuirá a popularidade entre os regulares, ou eles não se importarão e continuarão jogando?
Andrey Novak: Depende de quanto vão aumentar. Se adicionarem uma comissão, por exemplo, de 3% nos torneios de $5k da noite, para os regulares não valerá a pena jogar. Embora sempre haverá quem tenha uma confiança excessiva. No cenário atual, definitivamente vale a pena jogar as séries, porque as pessoas não estão trabalhando o suficiente no próprio jogo. Isso fica claro especialmente no meio e no final. Os primeiros 3-4 dias são difíceis, todos jogam com muita concentração, é raro ver algo absurdo. Mas depois de uma semana e meia, você começa a jogar com um EV muito bom. A estratégia ideal é pular a primeira semana e depois jogar com tudo. Você acertou ao dizer que os buy-ins são muito altos, seja jogando por conta própria ou pelo bankroll de alguém. O dinheiro pesa, você pode perder $50k em uma sessão. Imagine jogar depois de três sessões assim. Isso aconteceu comigo na série passada. Depois disso, tirei quatro dias de folga. Você começa a se perguntar: "O que estou fazendo com a minha vida?" O dinheiro que você perde durante a série é quase impossível de recuperar nos dias normais.
No entanto, as fields agora estavam muito bons. Nos torneios caros do GGPoker havia muitos amadores. Claro, há jogadores muito fortes. Os high stakes atraem os melhores, então você precisa jogar com concentração máxima. Mas ainda dá para jogar. Há muitos regs que ainda estão jogando baseados em glórias passadas. Para jogar bem no poker moderno, não basta participar da Triton e jogar apenas SCOOP e WCOOP.
Artem Vezhenkov: Por isso mesmo eu nem me atrevi a jogar.
Andrey Novak: Agora, só inteligência e um bom background não são suficientes. Jogadores que combinam "inteligência + solver" estão bem à frente. Pode-se criar estratégias antigas com sizings de 33% ou 50% do pote, mas uma pessoa que passou um tempo no software sabe que determinados flops precisam ser jogados com algo entre 50% e 125% do pote. O EV da estratégia dele será 0,3 blind maior, e quando esses detalhes se acumulam, a vantagem se torna significativa. Jogadores que jogam o tempo todo, analisam mãos e se aprimoram não devem perder as grandes séries. Quanto ao rake, eu realmente não sei o impacto, porque não há informação sobre quanto será e em quais torneios será adicionado. E você, acha que os jogadores de MTT poderão organizar algum tipo de protesto, ou vão continuar jogando do mesmo jeito?
Artem Vezhenkov: A maioria continuará jogando, porque avaliam suas expectativas acima de 5% de ROI. O PVI quase não funciona em MTTs, e o rakeback é bastante alto para todos. Eu prevejo que os regs vão continuar grindando sem parar. Sempre foi assim. Lembra dos superturbos no Stars? Mesmo depois que introduziram o rake completo, ainda assim esses torneios lotavam, e todos ficavam felizes fazendo reentradas. Esse papo de que os regs se comportam como profissionais é balela. São todos apenas maníacos.
Vamos supor que um jogador jovem teve sorte numa série. Sim, ele é habilidoso, joga bem, sem dúvida. Mas as expectativas reais vêm nos upswings. Se ele nunca passou por uma grande queda antes, isso vai acontecer em algum momento. E é muito provável que ele percorrerá uma parte significativa do caminho para baixo também em termos de EV. É muito difícil identificar quando seu upswing termina, a downswing começa, ou quando você mesmo está apenas apertando os botões aleatoriamente, sem consequências. Eu sei disso por experiência própria. Mas a beleza daquela época é que não havia reentradas nem buy-ins tão altos. Vamos supor que fiquei arrogante depois de ganhar três Sunday Millions. Onde eu poderia perder todo o dinheiro? Agora, as exigências psicológicas, de autocontrole e abordagem estratégica à vida e à carreira são muito mais altas. Naquele tempo, muita coisa era "perdoada".
E Como estão os fields nos high-stakes MTTs? Surgiram novos rostos? Curiosamente, me parece que o Avr0ra ajudou a popularizar os torneios entre os jogadores de cash. Você percebeu isso?
Andrey Novak: Mais ou menos os mesmos de sempre jogam. Quase não há novos rostos. E os jogadores de cash, mesmo os mais fortes, não entendem bem as fases onde o dinheiro realmente está em jogo. Simplesmente por falta de experiência. Você, lá em 2013, estava fazendo 4-bet shove com A5o nas mesas finais, e fez isso umas 100 vezes. Mas onde um jogador de cash iniciante vai conseguir essa experiência? Estou jogando com o A5o, mas sempre surge a dúvida: vale a pena shovar um Ás suited na mesa final quando você recebe um 3-bet? Há muitos fatores diferentes que determinam a situação certa. Sem experiência, não dá para entender. Mesmo nesta série, vi alguns exemplos infelizes de top players de cash. Por exemplo, em uma mesa final, o Barak, com o segundo maior stack, abriu raise do início da mesa, e o chip leader "Lena900" logo depois deu instantaneamente uma 3-bet de 3x. O Barak, sem pensar muito, deu all-in com A7s. Eu sei com certeza que ele não eliminaria nenhum valor dessa forma, além de que o Lena não respeita muito o ICM.
Na fase inicial, porém, é bem desagradável jogar contra jogadores de cash. Por isso, gastei muito tempo analisando o jogo com 100 big blinds. Se você se registra antecipadamente nos torneios caros, ganha 10% a mais de stack, mas tem que enfrentar todos os tops. Mas eu estava interessado nisso. Nunca gastei tanto tempo na minha carreira estudando o jogo com 100bb como fiz nos últimos dois meses.
Artem Vezhenkov: Como você avalia a vantagem de ter fichas adicionais? Especialmente nos torneios de knockout. Intuitivamente, parece vantajoso se inscrever no início de todos os torneios.
Andrey Novak: Os jogadores de poker costumam avaliar tudo pelo EV e dólar por hora. Mas pessoalmente, eu prefiro jogar esses torneios caros desde o início. Parece a estratégia mais lucrativa, claro, se você não está com pressa e não planeja fazer reentradas infinitas. Quando você entra num torneio desses com 10bb, a variância é enorme.
Artem Vezhenkov: Como você se recupera dessas séries?
Andrey Novak: Tento mudar para esportes, fumar narguilé e ir à sauna. Mas desta vez está sendo bem difícil, e eu nem sei o porquê. Gastei muito tempo analisando mãos, estudei por conta própria, chamei amigos e até mostrei um bom EV. Tive alguns potes com expectativas de $100k+ e perdi todos. Acontece. Talvez eu tenha acumulado frustração, porque faz um ano que não consigo ganhar nada de verdade. Quer dizer, eu ganho, mas perco logo em seguida, e isso se repete – sobe e desce. E eu ainda jogo muito, então a amostra é considerável. É difícil também porque o próximo grande evento só será na primavera.
Artem Vezhenkov: A Dasha Kurt no chat está perguntando se você planeja voltar a fazer streams?
Andrey Novak: Quando você fica muito tempo sem ganhar, perde a vontade de inspirar os outros. Fazer streams só para mostrar como jogo não me interessa muito. Já tenho bastante interação na vida cotidiana. Embora eu gostasse de fazer streams. Ainda vou pensar, não sei bem o que me impede.
Artem Vezhenkov: Quais são seus próximos planos?
Andrey Novak: Eu tinha planos de ir para Montenegro se as série fossem boas e eu ficasse satisfeito. Estou pensando onde morar a seguir, e Montenegro parece uma boa opção, mas queria ver por mim mesmo. Mas como a série não foi tão boa, vou continuar grindando. Com certeza aos domingos, e nos dias de semana vou alternar com padel. Gosto muito de padel, mas depois de uma hora jogando, fico tão cansado que é impossível jogar poker depois.
No chat estão dizendo que PokerStars não funciona em Montenegro. Eu sei disso, mas planejo me mudar para lá no futuro, quando jogar menos. Ou no estilo do Artem – jogar só quando sentir muita vontade. Até que a vontade seja reprimida e você não queira mais jogar na próxima série.
Artem Vezhenkov: Eu tenho boas lembranças da série de maio. Embora no final, no seu estilo, eu não tenha resistido a jogar um torneio de $25k no PokerStars, o que acabou prejudicando um pouco meus resultados. Meu relacionamento com o poker mudou bastante. Não vejo mais o poker como algo de que espero grandes coisas. Neste mês, planejo jogar e fazer streams, vamos ver como as coisas vão fluir. Meu plano inicial é jogar minhas sessões às segundas e sextas-feiras no GGPoker e no PokerStars, e aos sábados fazer streams nesse formato, como agora com você. Às vezes, vou analisar minhas próprias mãos, outras vezes convidar alguém. Estou curioso para ver no que isso vai dar, mas não sei o que esperar. Quando eu fazia streams antes, jogava em duas mesas e nem prestava muita atenção aos botões que estava clicando.
Aleksei Elensky: Uma pergunta, Andrey. Muitas vezes ouvimos falar sobre o que o poker nos oferece. Mas o que ele tira de nós? Você joga há muito tempo, e muitos dos seus amigos também estão há 10 anos ou mais no poker. Existe alguma deformação típica?
Andrey Novak: Essa é uma pergunta interessante. Acho que a principal questão é a toxicidade e a tendência ao negativismo. Quando alguém sofre muita dor no poker, acaba se inclinando para o negativo, e isso é muito difícil de equilibrar na vida. Isso é visível até nos chats. Quando começamos, havia muito mais empatia e apoio, agora, na melhor das hipóteses, vão rir de você. Tenho certeza de que pessoas como nós, que jogam poker por tanto tempo, têm uma série de problemas psicológicos. Mas eu continuo jogando, então é difícil para mim avaliar objetivamente. Não dá para julgar um sistema quando você ainda está dentro dele. Mas, quando você sai, percebe o inferno em que vivia. Acho que o poker é sobre isso.
Artem Vezhenkov: Quando eu parei de jogar, percebi mudanças significativas em mim. Minha rotina ficou mais saudável, me tornei muito mais feliz e positivo. Por causa disso, eu me senti como se tivesse voltado aos meus 20 anos e me tornado novamente um cara sociável e divertido. Mas em setembro, tive uma grande revelação. Estava numa ótima, mas desconhecida companhia, e logo percebi que eu não era mais o mesmo. Muitas vezes, prefiro ficar sozinho, e não acho interessante jogar jogos como "Durak" ou "Palavras" [Nota do Editor: Esses jogos típicos para beber]. Lembrei-me de um método antigo e infalível para tornar tudo mais interessante e divertido – claro, estou falando de álcool. Mas mesmo aí me deparei com uma grande decepção. Já há algum tempo eu sabia que o álcool era um engodo, mas agora percebi que ele nem mesmo funciona. Minha cabeça fica um pouco turva, mas não me traz alegria. Não sei se isso está relacionado ao poker, à idade, ou ao estágio da vida.
Andrey Novak: Minha falta de vontade de fazer streams pode estar ligada a isso. Talvez seja relacionado à idade, ou talvez seja um efeito colateral do poker, mas comecei a sentir uma certa falta de sentido na vida. Tudo o que faço ou poderia fazer parece, no fundo, irrelevante. Esse pensamento está profundamente enraizado em mim, algo que nunca havia sentido antes. Lembro-me do meu início no GipsyTeam, quando eu queria tanto reconhecimento, para que todos vissem o quão bem eu jogava. Agora, não me importo com o que qualquer um dos outros caras na mesa pensa de mim ou do meu jogo. Não faz diferença o que eles acham. Coisas que eram fundamentais na minha vida, agora parecem insignificantes.
Agora, eu me encontro constantemente procurando algo que tenha significado. Mas você acaba preso em um ciclo de apatia. Talvez essa não seja a palavra certa, mas globalmente, você não consegue se dedicar a nada porque não vê sentido em nada. Eu acredito que isso está relacionado à nossa profissão. O poker destrói fortemente a conexão entre "esforço e resultado". Você pode se esforçar por anos e não ver nenhum resultado. Especialmente nos high stakes, onde a vantagem é mínima. Eu experimentei tanto negativismo no poker que é muito difícil me motivar para algo novo.
Artem Vezhenkov: Eu sempre vivi com o princípio de que, mesmo que algo não tenha sentido, se eu gosto de fazer, vou continuar. Mas ultimamente isso parou de funcionar. Também acho que tem a ver com o poker. Quando jogamos inúmeras mesas, estamos conectados a uma das maiores "aguilhas" de dopamina. Durante uma sessão, tomamos inúmeras decisões caras, e reagimos emocionalmente a elas. Isso não se compara às máquinas caça-níqueis, onde você ganha, perde e o ciclo se repete. No poker, há adversários que odiamos, e outros por quem torcemos. Como Andrey disse, esses últimos se tornam cada vez mais raros com o tempo. Antes de você mencionar a empatia, eu nem havia pensado nisso. Mas é verdade, quando começamos, eu realmente me importava com os downswings dos meus amigos. Especialmente quando o Frank começava a digitar tudo em caps lock… A propósito, chat, vou convidar o Frank para um stream esta ou na próxima semana. Nem todos devem se lembrar quem ele é, mas é uma pessoa muito interessante, espero que ele aceite. Quando a agulha de dopamina para de funcionar, a pergunta que surge é: não será tudo em vão?
No chat, perguntam o que é melhor: grindar fields gigantes com muitos fish ou torneios menores com mais regs? Obviamente, é sempre melhor jogar contra fish. Em torneios menores, nem teoricamente é possível obter o mesmo ROI que em grandes fields. A winrate se soma em relação aos oponentes. Andrey, qual é o ROI máximo que você acha possível em fields muito fracos? Você já viu algum modelo?
Andrey Novak: Em todos os modelos, o ROI potencial cresce com o número de jogadores. Não gostaria de especular sobre números, pois os grandes fields também variam. Em um torneio com 1.000 jogadores e muitos amadores, acho que é possível algo em torno de 30%.
Artem Vezhenkov: Ovechkin pergunta quão relevantes são nossos treinamentos de quatro anos atrás e por onde os iniciantes devem começar. Acho que, para limites baixos e médios, o melhor caminho atualmente são os solvers com a adaptação de um treinador. Estou analisando o jogo com um jogador muito forte, que joga em limites mais baixos, mas trabalha bastante com software. Muitas vezes, não conseguimos chegar a um consenso, porque o jogo em um ABI de 150 e um ABI de 600+ são mundos completamente diferentes. O que eu posso oferecer para alguém que joga com ABI 50? Posso ensiná-lo a contar combinações e a seguir uma lógica. Mas certamente não posso ensinar as peculiaridades do field. E esse é um detalhe muito importante, especialmente nos high-stakes. Nos limites médios também, mas, no geral, a regra é simples: quanto mais agressivamente você joga, mais lucrativo será.
Andrey Novak: Esse é outro ponto na nossa parceria de trabalho. Ele muitas vezes tenta deduzir a mão dos oponentes pelos sizings, mas eu há muito tempo abandonei esse hábito. Está claro que um regular que chegou aos high stakes não vai se denunciar pelos sizings. Eu vi isso pela primeira vez com o Avr0ra, ele nunca tenta adivinhar as mãos pelo tamanho das apostas.
Artem Vezhenkov: No chat, estão perguntando sobre seu envolvimento com práticas espirituais?
Andrey Novak: Eu acho que isso é algo muito pessoal e não estou preparado para falar sobre isso em público. O desenvolvimento espiritual é o mais importante. Mas eu não me sinto moralmente no direito de dar conselhos a ninguém sobre isso.
Artem Vezhenkov: Perguntam o que achamos do Berti "girafganger7" Stevens. Na minha opinião, ele é um cara incrível. Um embaixador ideal do poker, sem afetação, gosto muito do seu estilo de jogo e da sua paixão genuína por ele. E o fato de ele estar tendo tanto sucesso, acredito que seja resultado dessa atitude. As pessoas que estão dispostas a compartilhar seus conhecimentos de forma gratuita ou altruísta sempre serão recompensadas, nem sempre com dinheiro. Eu realmente acredito nisso. Ao mesmo tempo, em algumas situações, ele joga sem muita reflexão. Em maio, tivemos duas mesas finais, e ele saiu de ambas de forma questionável. Mas isso foi logo após uma grande vitória, então ele poderia estar relaxado.
Andrey Novak: Concordo completamente com sua avaliação. Ele é um cara muito positivo, carismático e divertido de assistir. Acho que ele não jogou essa série, não nos cruzamos em nenhum torneio. Ele pode não jogar de forma brilhante, mas quem se importa com isso se ele já ganhou $3 milhões?
Artem Vezhenkov: Dez anos atrás, eu via uma má performance no poker como um terrível defeito de caráter que precisava ser corrigido a qualquer custo. Mas, obviamente, o nível de habilidade no poker não deveria influenciar nossa opinião sobre uma pessoa.
Andrey Novak: Nos perguntam se acreditamos na vida após a morte. Estou convencido de que há algo após a morte.
Andrey Novak: Não falta muito, logo saberemos a verdade.
Artem Vezhenkov: Qual sua opinião sobre o RNG do GGPoker?
Andrey Novak: Quando estou ganhando, minha opinião é boa; quando estou perdendo, nem tanto.
Artem Vezhenkov: Um jogador escreveu que o GG é o único site onde ele está perdendo dinheiro. Como resultado, ele desenvolveu uma paranoia e está considerando parar de jogar lá. Vou te contar o que é paranoia de verdade. Eu perdi cerca de $400k no PokerOK [Nota do Editor: skin russa da GGPoker] e decidi que o problema era meu nickname azarado e o RNG ruim. Então mudei para o GGPoker, perdi mais ou menos $150k. Recentemente, mudei para o Natural8 [Nota do Editor: outra skin do GGPoker], mas ainda joguei pouco, então meu saldo está em torno de zero. Vamos ver o que acontece este mês.
Andrey Novak: No chat, perguntam como manter o interesse no jogo. Eu não tento manter. Nos últimos anos, meu interesse pelo poker foi praticamente zero, e por isso não joguei. Em maio, comecei a jogar de novo e o interesse voltou sozinho. Não sei como será agora. Fazer streams me interessa porque desenvolve certas habilidades – interagir com o público e tudo o que envolve a fala. Algum interesse pelo poker foi mantido graças à SV. Mas nunca tentei forçar esse interesse. Ao longo de 12 anos, ele sempre foi alto, e durante 8 anos, muito alto. Teve um período em que, por sete anos, não perdi um único domingo. Jogadores assim são raros.
Artem Vezhenkov: Aqui vai uma pergunta interessante dos espectadores. Se não fosse pelo poker, o que você faria?
Andrey Novak: Se não tivesse nada a ver com poker e se não fosse viver isolado numa ilha por conta própria, eu gostaria de trabalhar na construção de um futuro melhor. Algo relacionado à política ou economia, onde eu realmente pudesse fazer a diferença. Mas o problema é que eu entendo como essa área funciona. Eu me formei em Ciências Políticas e corri de lá o mais rápido que pude. Tudo naquele ambiente me causava nojo e repulsa. Então já me desiludi com essa área e não quero voltar. Mas também não quero fazer outra coisa.
