Original

Nos torneios de nocautes progressivos (PKO), há ajustes para esse formato em comparação com os freezeouts clássicos em todas as fases do jogo. No artigo anterior, analisamos os open raises e o impacto do bubble factor. Munidos desse conhecimento, vamos examinar como reagir corretamente aos open raises dos oponentes, considerando a posição e os bounties potenciais.

Uma série de artigos do regular de MTT de limites médios, John “JohnnyLaw” Lawford, para o blog GTO Wizard, focada em ajustes para torneios com bounty. No primeiro artigo, o autor explica quais ajustes são necessários no pré-flop.

Leia

Base: comparação em stacks simétricos

Para começar, vamos comparar as decisões para o clássico e o knockout com stacks iguais. Nos gráficos abaixo, mostramos como os jogadores em diferentes posições reagem ao raise de UTG. Cada gráfico corresponde a um tamanho específico de stack.

É fácil notar algumas diferenças chave no knockout:

  • Quando restam metade ou mais dos participantes no torneio, podemos fazer call com um range mais amplo de todas as posições, especialmente das posições finais;
  • Nosso range de call se expande mais em stacks de 50 bb, enquanto os 3-bets sem all-in são mais comuns em stacks de 30 bb ou menos;
  • Em stacks de 20 bb perto da bolha, reduzimos o range de 3-bet shove e aumentamos o range de 3-bet com sizing padrão.

Para entender as razões dessas diferenças estratégicas, consulte o gráfico de risk premium nas diferentes fases dos torneios:

Com a diminuição no tamanho do stack e do número de participantes restantes, a diferença no risk premium entre o clássico e o knockout aumenta. No início e no meio do torneio, os gráficos andam quase paralelos, mas próximo da bolha eles se distanciam, pois os bounties crescentes compensam o risco de eliminação.

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Realismo: stacks assimétricos

Estudar stacks simétricos é um bom ponto de partida, mas na prática, eles são raros. Vamos ver o que muda em nossa estratégia nas diferentes fases do torneio, dependendo de termos um stack grande, médio ou curto.

ICM = 75% dos jogadores restantes

À esquerda, o clássico; à direita, o PKO.

Stack Grande

Considere um exemplo em que o hijack (53 bb) responde a um open de UTG+1 (25 bb com o bounty mínimo). O stack médio da mesa é de 25 bb.

A possibilidade de ganhar um bounty reduz o risk premium do hijack para valores negativos. Assim, o jogador pode jogar um range mais amplo, adicionando mãos que mantêm o equity no pós-flop. É importante observar que o hijack equilibra o range de call, adicionando algumas mãos slowplay (como a ). All-ins são feitos com mãos fortes cuja equidade é difícil de realizar no pós-flop. O all-in resolve essa questão.

Stack Médio

Vejamos como o small blind (19 bb com o bounty mínimo) joga contra o open de UTG+1:

Em um torneio knockout, o stack médio não usa sizing intermediário de 3-bet, preferindo apenas call ou shove com um range um pouco mais tight. Embora o risk premium seja quase igual (1% no knockout e 1,8% no clássico), contra um stack maior, o small blind prefere shove, pois sabe que, devido ao bounty, receberá calls mais amplos. Um benefício adicional do all-in é a chance de ganhar o bounty do big blind, que tem um stack menor na nossa simulação.

Short Stack

No último exemplo, o jogador no BB (12 bb com o bounty mínimo) reage ao open de UTG+1:

Como short stack, o BB escolhe uma estratégia semelhante tanto nos knockouts quanto nos clássicos. No entanto, no knockout, ele prefere fazer call com mais frequência, incluindo alguns pares pequenos. Isso ocorre devido ao range mais amplo de abertura de UTG+1, que exige uma defesa mais abrangente.

A 3-bet inclui uma proporção maior de ases suited. Isso se deve ao range de call de UTG+1 — apenas 57% no torneio clássico, mas quase 90% no PKO!

Como a fold equity é baixa, a escolha das mãos para 3-bet depende de seu equity contra o range mais amplo de call.

ICM = Bolha

Stack Grande

Vejamos a reação do botão (26 bb) a um raise de UTG (24 bb, 3,5 bounties iniciais). O stack médio da mesa é de 20 bb.

Como segundo maior stack, o botão responde ao raise do UTG de forma quase idêntica em ambos os casos. Não há all-ins, e as 3-bets são feitos com sizing padrão. No knockout, o range de 3-bet é ligeiramente mais amplo, incluindo broadways offsuit, médios e pares pequenos. baixos, que são 3-betados no clássico, são foldados no knockout.

Esses detalhes estratégicos se explicam pela reação de UTG ao 3-bet do botão. Em torneios clássicos, ele responderá com all-in ou fold, praticamente sem calls. Nos knockouts, quase 30% do range de open vai para call! Como o botão não quer jogar pós-flop com mãos sem jogabilidade, ele prefere 3-betar com outras mãos.

Além disso, a possibilidade de ganhar o bounty em caso de 4-bet permite ao botão fazer calls mais amplos ao all-in (veja abaixo). Assim, o range de 3-bet também deve incluir mãos que se comportam bem em um jogo de stack.

Stack Médio

Analisemos a estratégia do big blind (17 bb, 2,5 bounties iniciais) defendendo-se contra o mesmo UTG (24 bb). O stack médio da mesa é de 20 bb.

As diferenças entre os formatos não são grandes, pois o risk premium contra UTG não é muito diferente (14% no clássico e 9,7% no knockout). No knockout, o BB pode defender-se um pouco mais amplamente, mas seu range de call inclui não apenas mãos que normalmente seriam foldadas, como também algumas mãos que antes seriam 3-betadas, como broadways suited e cartas baixas suited. O range de 3-bet é mais estreito devido ao fold equity reduzido (UTG faz call 6% mais frequentemente por conta do bounty), então essas mãos são melhores para jogar pós-flop. O BB também amplia um pouco seu range de 3-bet padrão com mãos fortes, para extrair valor do range expandido de UTG. Com AA, o BB sempre faz call, equilibrando o range de call expandido.

Short Stack

Por fim, vamos analisar o jogo do small blind (13 bb, 1,5 bounties iniciais) contra UTG.

O que se destaca é a quase completa correspondência das estratégias de all-in ou fold. Em ambos os casos, o small blind enfrenta um alto risk premium (15,4% no clássico e 10,9% no knockout), resultando em ranges muito semelhantes. A pequena diferença se deve ao fato de que, no knockout, o fold equity do all-in é menor, então é melhor ir all-in com KQo ou KTs, mas com pares pequenos, que se saem melhor em all-ins contra o range de call de UTG, cerca de 10% mais amplo do que em torneios normais.

Conclusão

Ao entender como e por que o range de open raise muda no knockout em comparação com o clássico, podemos entender como reagir a ele. As perguntas principais a se fazer ao escolher uma resposta ao raise são: quão bem ou mal jogam as diferentes partes de nosso range contra os ranges de open raise e call de 3-bet otimizados para knockouts, que diferem um pouco dos torneios regulares. Em qualquer caso, é importante lembrar do risk premium e entender que, embora seja mais baixo nos knockouts, ele ainda limita significativamente nossas opções nas fases mais avançadas, quando a pressão do ICM se torna relevante.