Joe Ingram: Phil, o que você tem feito ultimamente?
Phil Ivey: Tenho jogado torneios. Fiz uma pausa de alguns meses, mas em breve estarei no Triton em Mônaco (nota do editor: a gravação ocorreu em outubro) e, em dezembro, no WPT. Jogo cash games raramente, apenas quando surge a oportunidade e acho que faz sentido. Ainda amo poker e tento não ficar muito atrás dos meus adversários, na medida do possível.
Joe Ingram: Você continua mostrando um alto nível nos torneios caros. Como consegue isso?
Phil Ivey: Com dificuldade. Sempre há um intervalo grande entre as grandes séries, e em casa eu quase não jogo. Então, geralmente chego fora de forma. Antes, jogava todos os dias. Agora, preciso de alguns dias para me readaptar. Não consigo mais grindar como antes. Pode-se dizer que jogo mais por diversão.
Joe Ingram: No verão, você ganhou um bracelete e chegou a várias mesas finais. Como foi sua experiência na World Series?
Phil Ivey: Ganhar um bracelete sempre traz uma sensação especial. Fiquei anos sem jogar poker, praticamente não jogava. Agora, meu enfoque é diferente: jogo porque gosto, não como trabalho. Espero conquistar mais alguns braceletes.
Joe Ingram: Brad, você tem um dos vlogs de poker mais populares. Centenas de milhares de pessoas o assistem e sua audiência é extremamente leal. Sob cada vídeo, as pessoas te incentivam e desejam boa sorte. Acho que você definiu como o conteúdo de poker moderno deveria ser.
Brad Owen: Faço isso há 8 anos. Acho que as pessoas gostam de acompanhar meu progresso. Elas viram minha evolução dos jogos de $2/$5 até os de $100/$200. Alguns anos atrás, pela primeira vez, joguei com Doyle e Phil. Se alguém me dissesse isso quando eu tinha 16 anos, nunca acreditaria.
Joe Ingram: Phil, você acompanha a nova geração de jogadores que construíram suas carreiras com conteúdo?
Phil Ivey: Honestamente, não assisto vídeos de poker. Mas fico feliz que tantos jovens jogadores estejam surgindo com abordagens totalmente diferentes. O poker mudou radicalmente, e hoje o trabalho teórico é o mais importante. Acho fascinante observar isso. O nível dos jogadores continua crescendo, e fico impressionado com o tempo que alguns high rollers dedicam à teoria. Admiro o esforço deles. Às vezes penso em como minha carreira teria sido diferente se os solvers existissem quando eu tinha 20 anos.
Joe Ingram: Durante a época do Full Tilt, você era uma figura central no poker online. Agora, parece mais focado no poker ao vivo. O online não te interessa mais?
Phil Ivey: Tenho interesse, mas não o suficiente para gastar muita energia nisso. Se eu pudesse jogar de casa, com certeza continuaria.
Joe Ingram: Você disse que sua abordagem ao jogo mudou bastante. Como exatamente?
Phil Ivey: Agora jogo apenas quando quero. Freqüentemente me convidam para jogos privados, mas nem sempre aceito. Com as séries de torneios é a mesma coisa. Gosto muito da Triton, por isso faço questão de ir. Não consigo ir em tudo. Tenho uma filha pequena e outros interesses. O poker não ocupa tanto espaço na minha vida atualmente.
Joe Ingram: Nos últimos tempos, tem havido muitas discussões sobre a integridade no poker, tanto online quanto ao vivo. Isso é algo importante para você?
Phil Ivey: Com certeza. Eu jogo apenas com pessoas que conheço e em ambientes onde me sinto confortável. Estou no poker há muito tempo e já vi de tudo. Quando era mais jovem, joguei em lugares onde não era incomum não pagarem ou até trapacearem. Hoje, praticamente eliminei esse tipo de risco. Sei bem onde é seguro jogar e onde não é.
Joe Ingram: E como você lidava com essas situações no passado? Ia para o Twitter?
Phil Ivey: [Risos] Eu nunca resolvi problemas nas redes sociais. Existem outras formas de lidar com isso. Quer que eu conte o que fazer quando não te pagam? Tenho minha opinião sobre isso, mas prefiro não discutir publicamente.
Joe Ingram: Adam, como o WPT garante a segurança dos jogadores?
Adam Pliska: Investimos muito em segurança, mas ninguém na indústria revela detalhes. É um trabalho que acontece nos bastidores. Infelizmente, os jogadores só percebem a segurança quando algo dá errado. Nosso foco é confiar essa responsabilidade a profissionais.
Phil Ivey: O WPT será a primeira série a cortar a cabeça dos trapaceiros. [Risos] Brincadeira, é melhor editar isso.
Joe Ingram: A cada edição da Triton vejo novos rostos. Alguns desses caras de 23 anos claramente passaram os últimos 10 anos usando solvers. Phil, você não só joga com eles, como também ganha. Como se sente em relação a isso?
Brad Owen: Sim, no poker não há muitos jogadores de sucesso que eram nossos exemplos na juventude – Phil, Negreanu, Antonius, Seidel, e talvez mais um ou dois. O que pensa sobre isso?
Phil Ivey: O que penso? Esses jovens passam horas em solvers, e isso é realmente importante. Mas há outros aspectos igualmente cruciais. Eu nunca usei solvers porque não tenho tempo para isso. Prefiro observar jogadores fortes e tentar entender o que e por que estão fazendo. Mesmo entre dois regs fortes que conhecem bem a teoria, os estilos de jogo podem ser muito diferentes. Acho fascinante tentar entender por que eles jogam de forma distinta em situações similares. Algumas coisas eu entendo bem intuitivamente, e não as mudo. Outras, aprendo com outros jogadores e tento integrar tudo em uma estratégia geral. Parece que tem funcionado até agora.
Joe Ingram: Muitos jogadores contratam analistas para trabalhar com solvers por eles e depois analisam juntos alguns spots. Esse poderia ser um caminho para você?
Phil Ivey: Tudo é possível. Não descarto começar a usar solvers um dia. O problema é que, quando começo algo, me dedico completamente. Sei que umas poucas horas por dia não serão suficientes, então deixo isso para depois.
Phil Ivey: De vez em quando, discuto mãos com outros jogadores. Por exemplo, com Jason Koon. Essa, aliás, é uma característica marcante de muitos dos top players atuais. Eles estão sempre dispostos a ajudar e compartilhar seus pensamentos abertamente. Quando comecei, era completamente diferente. Cada um jogava por si. Doyle e Chip eram ótimos caras, mas nunca discutiriam mãos com ninguém. Adotei essa abordagem por muito tempo, e durante anos não conversava sobre estratégias com ninguém.
Phil Ivey: Talvez isso tenha me prejudicado. Houve um momento em que eu me considerava tão superior aos outros que achava inútil discutir sobre mãos. Sempre estive um pouco à margem da comunidade do poker, embora tenha um ótimo relacionamento com o Negreanu desde a juventude. Só comecei a mudar recentemente. Tornei-me mais aberto e agora interajo com jogadores mais jovens.
Brad Owen: Jason Koon contou sobre uma partida em que vocês estavam jogando em um aplicativo. No river, ele fez um grande blefe, e nesse momento você ligou para ele dizendo que não conseguia ver a carta do river. Ele tem certeza de que você fez isso de propósito para conseguir um tell. Você se lembra?
Phil Ivey: [Risos] Sim, é verdade. Eu precisava ouvir a voz dele.
Joe Ingram: Com quem mais você discute poker?
Phil Ivey: Hoje em dia, com qualquer pessoa. Não são conversas muito profundas. Posso perguntar sobre uma mão diretamente na mesa, e quase qualquer jovem regular responde honestamente. Isso sempre me impressiona. Curiosamente, eles nunca me perguntam nada sobre mãos. Acho que isso diz algo.
Joe Ingram: Acha que eles deveriam começar?
Phil Ivey: Claro que não. Eles podem analisar qualquer mão com um solver. Eu cometo erros com frequência, e não vejo nada de errado nisso. Sou do tipo de jogador que aprende com os próprios erros.
Joe Ingram: Por que você aparece tão pouco nas redes sociais?
Phil Ivey: Nem sei minha senha do Twitter. Redes sociais me esgotam. Tentei ler o Twitter, mas sempre me perguntava por que estava fazendo aquilo. O Instagram é um pouco melhor, mas mesmo lá você começa a rolar os vídeos curtos – ou como quer que se chamem – e, de repente, percebe que já se passaram 20 minutos.
Joe Ingram: Brad, você construiu toda a sua carreira nas redes sociais. Qual é o seu segredo? Como conseguiu manter a motivação por tanto tempo?
Brad Owen: Não há segredo algum. Realmente pode ser muito difícil lidar com redes sociais. Por exemplo, quando faço alguma bobagem em um stream e blefo $40 mil. Mas, de maneira geral, minha audiência é muito positiva. Acho que é porque sou honesto com meus espectadores. Eu falo abertamente sobre sucessos e fracassos. Recentemente, passei por um downswing de $140 mil, e muitas pessoas me apoiaram. Isso ajuda muito. É claro que há aqueles que só esperam um motivo para escrever algo negativo. Mas já me acostumei com eles, e não são tantos.
Phil Ivey: Talvez eu devesse começar a postar no Twitter sobre tudo o que acontece na minha vida. Ou até fazer um vlog.
Brad Owen: Sem brincadeira, você explodiria a internet. Todo mundo assistiria. Imagine o quanto você pode contar sobre suas mãos lendárias contra o Dwan e outros. Seria incrivelmente interessante.
Joe Ingram: Recentemente, postei no Twitter um vídeo chamado "Ivey brilhando por 4 minutos".
Ivey dropping heat for 4 minutes @philivey pic.twitter.com/b51TN2GLc7
— LEGION | Joey Ingram 🐉 (@Joeingram1) October 1, 2024
Joe Ingram: Nesse vídeo que postei no Twitter, era uma compilação de entrevistas antigas em que você compartilha suas reflexões sobre mãos e poker em geral. Meus seguidores adoraram, então você definitivamente é interessante para o público.
Phil Ivey: Eu nunca parei para pensar em como as pessoas me percebem. Nem mesmo assisti ao nosso podcast que gravamos há alguns anos, nem li os comentários. Meus amigos disseram que ficou ótimo, e eu também tive uma boa impressão da conversa, mas nem me passou pela cabeça assistir. Também nunca assisto poker, a menos que seja uma mão que realmente me interesse.
Acho que, para minha saúde mental, foi benéfico ter ficado longe das redes sociais. Passei por algumas situações controversas na carreira – com baccarat e Full Tilt, por exemplo. Decidi, por princípio, não ler nada. Meus amigos me enviaram algumas coisas algumas vezes, mas pedi para não fazerem isso novamente. Não quero ficar pensando nisso o tempo todo. Cada um tem sua opinião sobre questões polêmicas, mas eu não estou tentando agradar todo mundo. Além disso, nas redes sociais, as pessoas dizem coisas que nunca diriam cara a cara.
Joe Ingram: Phil, deixe algum conselho sábio para os espectadores.
Phil Ivey: Joguem apenas com dinheiro que podem se permitir perder. Poker é um jogo fantástico, mas não se deve arriscar dinheiro que possa impactar sua vida. É um excelente hobby, mas vi muitos casos de pessoas que foram longe demais. Tenho parentes que adoram poker, mas jogam no vermelho. Para eles, é como fazer compras: separam uma quantia específica todo mês e simplesmente se divertem jogando. É ótimo quando um hobby começa a gerar renda, mas isso acontece muito raramente.
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