Paul Seaton, do PocketFives, sempre traz histórias interessantes dos bastidores do poker, desta vez, ele escreveu sobre uma divertida aposta contra um dos melhores jogadores de basquete universitário dos Estados Unidos.
Alguns jogadores de poker vêm e vão, e outros ficam por aqui. Mas as lendas? Elas existem para sempre nas histórias recontadas que ainda serão contadas daqui a cinquenta anos. Se você nunca ouviu falar de Clint Keown, ou 'Basketball Clint', a má notícia é que você perdeu uma das histórias de poker mais engraçadas que já ouviu. A boa notícia é que você pode ler tudo sobre isso hoje.
Len Ashby é jogador de cash games em alguns dos maiores jogos do planeta há duas décadas. Ele começou trabalhando em Los Angeles, Las Vegas, Califórnia e outros locais da Costa Leste. Ele ainda vive e joga em Nevada hoje e é regular em salas de jogos como ARIA, Bellagio ou onde quer que a World Series of Poker chegue. Len cresceu amando esportes, mas nunca foi tão bom em nenhum esporte quanto um de seus colegas jogadores de poker: Clint Keown.
Conhecendo ‘Basketball Clint’
Len conheceu Clint alguns anos depois do “Efeito Moneymaker”. “Eu me formei na faculdade em 2004 e jogava muito poker. Eu ia a muitos cassinos em Indiana. Clint era de Evansville, Indiana. Ele estudou lá por um ano e foi o jogador de basquete de destaque. Ele foi vice-campeão no Mr. Basketball, que basicamente quer dizer quem é o melhor jogador de basquete do estado de Indiana”.
Indiana é um dos estados mais fortes nos Estados Unidos quando se trata de basquete do ensino médio. Eles têm muito talento e Clint estava no topo disso.
“Acho que ele largou os estudos depois de um ano para ganhar a vida jogando poker”, continua Len. “Ele jogou um pouco de beisebol da liga secundária também. Don Mattingly cresceu em Evansville, Scott Rolen era um jogador de beisebol que jogou pelos Phillies. Clint era melhor que todos eles, todos diziam isso. É uma loucura que ele tenha escolhido o caminho do poker”.
Na mesa, Clint era um bom jogador, mas Len sempre considerou sua presença no poker uma farsa já que a habilidade que ele tinha na quadra era absurda. De alguma forma, a dupla sempre parecia se encontrar na estrada e ele pôde assistir Clint em ação pela primeira vez em 2009.
“O poker era muito divertido naquela época. Clint estava lá durante a World Series. Era tarde, 2 da manhã. Estávamos jogando todos os dias. Clint tinha acabado de arrancar todo o dinheiro de um garoto — um proeminente jogador do online. Esse garoto estava falando sobre basquete e como ele ganharia de qualquer um e arremessos livres”.
“Clint tomou $30.000 do garoto e a história ficou famosa. Diziam que Clint poderia vencer qualquer um arremessando”.
Pegando uma aposta
Tarde da noite, Len estava em um jogo paralelo de $50/$100 PLO, ganhando tempo na tentativa de entrar no jogo principal (era um jogo com o Devilfish, mas ninguém iria desistir). Dois caras na mesa começaram a conversar com Len.
“Big Rick era um cara muito legal, um jogador recreativo, mas ele conseguia se virar sozinho. Então havia um cara chamado Kelly, que era de Tennessee. Ele era careca e sempre tinha um charuto na boca. Kelly não conseguiu ganhar uma mão em toda a World Series. Ele estava perdendo na maioria dos dias e estávamos jogando com poucos jogadores. Ele olha para mim e diz: 'Você ainda tem aquele amigo que gosta de jogar basquete? Eu disse: 'Sim, Clint?' Ele disse: 'Eu queria fazer uma aposta com ele'. Eu imediatamente peguei meu telefone e mandei uma mensagem de texto para Clint 'Você está acordado?’ Eu disse a ele para descer para o jogo de poker que ele teria ação”.
“Kelly queria apostar que ele não conseguiria acertar 96 de 100 lances livres recebendo seus próprios rebotes. Eu tinha que perguntar sobre isso. Clint teria que chutar da linha de lance livre e toda vez que ele arremessasse, ele teria que ir buscar a bola e voltar para a linha de lance livre. A razão pela qual Kelly escolheu isso, compreensivelmente, é que se você ficar parado na linha de lance livre, poderá manter os pés firmes. Se você receber seus rebotes, nunca estará no mesmo lugar. Mentalmente, é um desafio. Você sempre estará em um lugar um pouco diferente”.
“Perguntei a Clint se estava tudo certo e ele disse ‘sim’. Então entra Clint, ele se aproxima e era alguém nada atlético, ninguém nunca diria que ele seria de jogar basquete. Ele também não era tão alto (1,80m), tinha cabelo cacheado e poderia ter usado aparelho na época. Clint conversou com Kelly e Big Rick, mas ele era malandro”.
“Nossa, mas 96? Eu sou mais um arremessador de três pontos”, disse ele. E ele não estava mentindo quando disse isso. “Gosto de arremessar três, mas não sei se conseguiria fazer esses lances livres”. Kelly está cochichando com Rick de um lado para o outro, ele olha para cima e diz: “Tudo bem, tenho duas apostas para você”.'
As apostas foram muito específicas em seus números. 95 de 100 lances livres seria um empate, e 96 de 100 daria a primeira aposta para Clint. Da linha de três pontos, Kelly e Big Rick concordaram que Clint precisaria de 57 de 100 para vencer a aposta. O valor de cada aposta? $20.000.
“Eu literalmente tive que morder o lábio para parar de rir. Quero dizer, Clint poderia fazer 57 de 100 arremessos de três pontos com os olhos vendados. Estou falando sério. Eu daria odds e apostaria nisso. Olhei para Kelly e Rick e disse: 'Vocês todos querem ir agora?' Estávamos eu, Kelly, Big Rick, dois amigos meus e Clint.
A quadra 24 horas
A gangue de seis pessoas foi para um lugar chamado 24 Hour Fitness, quando Lee estava saindo com Kelly e Rick, já no banco de trás do carro, ele recebe uma mensagem de texto de Clint que diziz simplesmente: '57, ha ha ha'.
“Eu perguntei: 'E os lances livres?' Ele respondeu: 'Os lances livres não são 100%, mas pode ser que dê bom'. Eu não me importava, eu estava lá pela emoção, mas eu estava tipo ‘OK, legal. Kelly e Rick eram caras legais, eles não sabiam que eu tinha uma parte, mas Kelly queria apostar em alguma coisa e achou que tinha uma aposta decente’. Ele obviamente não sabia que estava drawing dead”.
O pelotão chegou à academia e surpreendeu a recepcionista.
“Entramos e a garota que trabalhava na recepção provavelmente pensou que estávamos lá para roubar o lugar. Kelly tinha 1,93m e estava com um sobretudo longo e desgastado e um charuto na boca, às 2 da manhã. Parecíamos um bando de bandidos. Pedi uma hora de academia para a garota e joguei $50 para ela”.
Assim que chegaram à quadra, um adolescente estava jogando basquete. ‘Talvez a mãe dele estivesse na academia’, supôs Len. Até hoje, Len não tem ideia de como foi parar ali, mas ele acabou sendo bastante importante.
“Clint perguntou se ele poderia pegar sua bola emprestada. O garoto concordou e Clint a balançou, correu para cima e para baixo e perguntou quanto ele pagou por ela. “Não sei, $30”, o garoto respondeu. Clint disse: 'Vou te dar $100 por ela'. Clint tirou uma nota de cem dólares e deu a ele. Ele queria uma boa bola para arremessar. As bolas da casa eram muito lisas, sem aderência. Ele queria uma boa bola.
De acordo com Len, o garoto simplesmente saiu correndo com o dinheiro e desapareceu. Em algum lugar, esse menino agora é um homem e tem uma história engraçada sobre como um cara pagou a ele $100 por uma bola usada que não valia $30. Voltando ao assunto, Kelly e Rick deixaram Clint se aquecer. Len, Rich e Matt estavam sentados no chão do lado direito da quadra, Kelly e Rick estavam do outro lado; Clint no meio, se exercitando.
“Demorou um pouco para acertar 100 lances livres”, conta Len. “Ele estava no 80 e tinha perdido dois. No total, ele fez 97. Eu já sabia que iríamos ganhar o dinheiro. Lembro-me de pensar que se eu fosse Clint aqui, faria 60/100 nos de três. Eu nunca iria fazer 80 ou 90, para dar chances a futuras apostas”.
Esse processo de pensamento, por mais lógico que seja para Len, escapa completamente da estrela do show. Porque para ele era um show, e o artista estava exatamente onde ele queria estar: no centro do palco.
“Ele começa a aposta de três pontos e acerta os primeiros 15. Estava pensando que Kelly iria me matar. Eu nunca esquecerei isso. Clint foi e pegou o rebote no 15º chute, pega a bola, gira na frente dele em direção à cesta, onde o ângulo não é direto. Ele a pega, vira e arremessa e acerta. Ele pega a bola, agora do outro lado, gira no ar novamente p e faz a mesma coisa. Matt estava morrendo de rir, ele não conseguia se conter.”
Recebendo o dinheiro
Com a atmosfera muito diferente do lado esquerdo da quadra, Len ouve o “clack clack” das botas de caubói de Kelly do outro lado da quadra de basquete.
“Ele está atravessando a quadra e eu pensando que ele iria me matar. Ele enfia a mão na jaqueta, saca $40.000 em dinheiro e simplesmente nos entrega. Ele vira as costas e diz: 'Eu
não precisam ver mais nada'. E Clint nem precisou terminar a aposta. Todos sabiam que havia acabado.
Clint está morrendo de rir. Big Rick e Kelly já tinham ido embora. Mas Len não consegue acreditar no que Clint tinha feito. “Eu perguntei: 'Cara, por que você fez isso?' Talvez eles apostassem de novo. Ganhamos $40.000. Eu ganhei $5.000, Matt também ganhou um pouco”.
Len ainda vê Rick nas mesas, e eles falam sobre a aposta, contam a história para qualquer pessoa nova no feltro que talvez não tenha ouvido. De acordo com Len, Clint não faz mais apostas. Ele mora na Flórida e tem um filho. Mas até hoje, se você entrar em um cash game em Vegas ou Los Angeles ou provavelmente na Flórida e tocar o interfone para perguntar se alguém conhece 'Basketball Clint', você terá muitas respostas positivas.
Mas há mais uma coisa. Na manhã seguinte àquela noite, Len recebeu uma ligação. Ele deixou tocar, provavelmente dormiu durante o processo. Mas a luz do correio de voz estava acesa quando ele acordou. Era Big Rick.
“Ele disse: ‘Só tenho um favor a lhe pedir. Quero que peça a bola a Clint. Quero pendurar aquela bola no meu escritório para me lembrar de como sou burro pra caralho.'”
Len ficou feliz em fazer aquele favor para Big Rick e ligou para Clint. A resposta é o que faz de Clint Keown uma das pessoas mais singulares deste planeta que joga poker.
“Ele disse: 'Cara, paguei $100 por aquela bola, não vou doá-la'.”