Os criadores do Podcast Table 1 reuniram as histórias de gambling de seus convidados famosos em um vídeo.
Jared Jaffe
Jared: Quando me mudei para Las Vegas, passei alguns anos sem carro. Eu dirigia na época da faculdade, mas depois me mudei para o Brooklyn, onde estacionar é um pesadelo. Decidi que era mais fácil me locomover de táxi. Quando me mudei para Vegas, continuei usando Uber. Depois, acabei ficando sem carteira de motorista.
Justin Young: Perdeu no Uber?
Jared: Não, é que durante a World Series of Poker (WSOP) eu geralmente alugo um carro.
Justin Young: Ainda não ficou claro...
Jared: Durante uma série, quase todo o segundo dia do Main Event eu passei na cadeia. Joguei o dia inicial e ensaquei um stack decente. O dia seguinte seria de folga. Às seis da tarde, enquanto dormia tranquilo no meu quarto, amigos apareceram e me chamaram para jantar. Eu os mandei embora, dizendo que queria dormir. Eles foram, mas não consegui voltar a dormir, então resolvi me juntar a eles. Antes de ir ao restaurante, decidi fumar um pouco, mas já estava atrasado e entrei direto no carro.
Enquanto dirigia, fui parado pela polícia porque estava mandando mensagens no celular. Naturalmente, eles sentiram cheiro de maconha e me prenderam. Já eram nove da noite, e acabei passando a noite inteira na delegacia. De manhã, meus amigos encontraram um advogado, e à tarde fui liberado.
Saí com o celular descarregado do outro lado da cidade. Não queria ir para o torneio com as mesmas roupas, então fui para casa tomar um banho e trocar de roupa. Quando finalmente cheguei ao torneio, o segundo dia já estava em andamento havia cinco horas. Meu celular tinha 170 chamadas e mensagens perdidas. Algumas pessoas achavam que eu tinha morrido – afinal, qual outro motivo poderia levar alguém a não aparecer para jogar o Main Event?
O mais engraçado é que, quando finalmente cheguei, dobrei o stack imediatamente. Mas eu não tinha dormido nem um segundo na cadeia, então no final do dia já estava exausto, mal conseguia ver as cartas e decidi sair uma hora antes do fim. No estilo Ivey, apenas joguei meu cartão na mesa e deixei os gerentes cuidarem do meu stack.
Mas ainda não acabou. Quando cheguei em casa, tropecei no degrau ao sair do Uber, quebrei um dedo e me cortei. Como se não bastasse, não consegui encontrar minhas chaves e fiquei sentado na varanda, todo ensanguentado, esperando meus amigos chegarem.
Ainda assim, foi exatamente naquele ano que fui muito longe no torneio. Acho que caí no quinto dia.
Josh Arieh
Josh: No primeiro ano do WPT, houve um torneio no Aviation Club, em Paris. Foi minha primeira viagem à Europa, e levei minha então esposa e a filha dela comigo. Um dia antes de voltarmos para os EUA, passei a noite jogando limit $300/$600. Às 7:30 da manhã, decidi parar, troquei as fichas por dinheiro e fiquei com cerca de 40.000 euros.
Eric Lindgren estava no mesmo voo que eu, então fui até a mesa onde ele jogava e avisei que era hora de irmos para o aeroporto. Ele estava em uma partida de $800/$1.600 com Barry Greenstein, Phil Ivey e outros. Eric disse que jogaria até os blinds chegarem a ele e terminaria.
Nesse momento, ouvimos um barulho alto e o som de vidro quebrando. Olhei para trás e vi um cara usando um capacete de motocicleta e segurando uma arma automática. Ele gritava algo em francês, que eu não entendia. Ao mesmo tempo, alguém começou a gritar em inglês para que todos se deitassem no chão.
O Aviation Club ficava em uma rua central, com apenas uma entrada no prédio. A mesa final do torneio principal estava acontecendo, e aparentemente os ladrões pensaram que todas as fichas na mesa eram dinheiro real. Mesmo assim, eles saíram de lá com um bom lucro.
Eu estava encolhido no chão, em posição fetal, atrás de um monte de cadeiras empilhadas perto do caixa. De onde estava, via claramente os ladrões enchendo sacos – ou talvez fronhas – com maços de euros. Na Europa, eles usam cédulas de 500 euros, então o valor roubado foi enorme.
Eric, Barry e Phil estavam deitados no chão, debaixo da mesa onde jogavam. Lembro-me claramente de ouvir o Phil dizer: "Não se esqueçam que na próxima mão eu tenho double props". Eu fiquei em choque. Um assalto estava em andamento, ninguém entendia nada do que estava acontecendo, e ele pensava nas apostas paralelas.
Parecia que aquilo durou uma eternidade, mas na realidade acabou em questão de minutos. Os ladrões saíram carregando um saco pesado cheio de dinheiro. Assim que começamos a processar o que tinha acontecido, um dos ladrões voltou.
Minha primeira reação foi pensar que a saída estava bloqueada pela polícia e que seríamos feitos reféns. Comecei a planejar de qual janela seria melhor pular. Felizmente, descobrimos que o ladrão apenas havia deixado cair as chaves da scooter e voltou para pegá-las.
O mais engraçado é que no comunicado de imprensa do cassino disseram que os ladrões levaram 78.000 euros. Sem chance disso ser verdade. Havia pelo menos um milhão de euros lá. Desde então, nunca mais voltei à França e, por alguns anos, sentia medo toda vez que via alguém usando um capacete. Felizmente, ninguém saiu ferido.
Justin Young: Ainda bem que eles não pegaram o dinheiro dos jogadores.
Josh: Sim, é incrível. Eu estava com 40.000 euros em dinheiro na mão. Já fui assaltado duas vezes na vida, mas acabei no lucro em 200 dólares. Em Paris, não perdi nada. A primeira vez foi quando eu tinha vinte e poucos anos. Eu jogava limit $5/$10 em Atlanta, e às vezes um cara muito estranho sentava conosco na mesa.
Nesse dia, comecei a sessão com $200 e terminei com $600. No final, tinha seis notas de $100 na minha frente. Esse cara perdeu tudo rapidamente e saiu. Quando já estávamos nos levantando para ir embora, ele voltou com uma arma enorme.
Ele apontou a arma para as minhas costas e disse: "Galera, minha esposa está no hospital e eu só preciso recuperar o que perdi".
O cara exigiu o dinheiro do organizador da partida, que se chamava JJ. O JJ pegou um maço de dinheiro do bolso, e o ladrão disse que era mais ou menos o que tinha perdido. Meus $600 estavam na mesa, e ele olhou para mim e perguntou quanto eu tinha começado.
"Comecei com $200, agora tenho $600", respondi.
"Você jogou muito bem, merece ficar com a metade", ele disse, pegando $200.
Na juventude, eu era meio atrevido. Ainda me surpreendo por não ter perguntado por que ele não me deixou com tudo.
Ele pegou nossas carteiras e disse que enviaria de volta. Uma semana depois, recebi minha carteira pelo correio, junto com uma nota dizendo: "Fiz uma cópia, não tentem me encontrar. Tenho amigos que não têm medo de brincar com fogo".
Seis meses depois, descobrimos que a polícia o matou a tiros perto de Atlanta. Ele havia assaltado um bar e, por algum motivo, ficou no local do crime por mais de 30 minutos. Quando tentou sair, a polícia já estava esperando.
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Len Ashby
Cerca de dez anos atrás, durante o LAPC, jogamos por duas semanas seguidas com um jogador chinês que nunca havíamos visto antes. Ele se apresentou como Hu. Em uma das sessões, ele perdeu o stack, olhou para mim, mostrou dois dedos e disse: "Dois".
– O quê? – não entendi nada. Ele falava inglês com muita dificuldade.
Ele se aproximou de mim, separou duas pilhas de fichas de 10k e repetiu: "Dois". Ele queria que eu lhe emprestasse 20k. Fiquei meio confuso e olhei questionando para Loy – um jogador respeitado em Los Angeles, conhecido como o "Rei do Commerce Casino".
No final, todos os regulares na mesa decidiram, em comum acordo, dividir o empréstimo entre si. Em poucos dias, a dívida de Hu cresceu para 200k, sendo que eu tinha a maior parte – cerca de um terço. Meu amigo Josh estava na lista com 60k, e, no total, havia cerca de 10 pessoas envolvidas. Hu sempre repetia: "Para mim, isso é troco". E nós acreditávamos nele. Inclusive, pesquisamos o preço do terno que ele estava usando e descobrimos que custava $6.800.
Ele jogava uma sessão e desaparecia por alguns dias. Nenhum de nós tinha qualquer forma de contato com ele, nem mesmo um número de telefone. Ele só falava com um jogador chamado Kenny, que jogava em limites um pouco mais baixos. Por isso, nós continuávamos dando dinheiro a Kenny – uns $500 de cada vez – para que ele continuasse jogando e mantendo contato com Hu.
Mais tarde, um jogador chinês que conhecíamos bem confirmou que Hu era realmente absurdamente rico, mas que transferir grandes quantias para a Califórnia não era algo tão simples.
Um dia, recebi uma mensagem do J.C. Tran: "Hu acabou de chegar em um Bentley novinho". Corri para o cassino, e, quando me sentei à mesa, Hu disse: "Seu dinheiro – terça-feira". Era sábado. Nos dois dias seguintes, ele não apareceu.
Quando chegou terça-feira, estávamos jogando como sempre, até que começaram os sussurros: "Olhem, Hu está vindo".
Ele chegou calmamente, pegou uma cadeira e se sentou em um assento vazio. Olhei para ele com uma expressão interrogativa, mas ele apenas sorriu, apontou para as minhas fichas e disse: "Dois".
Eu não aguentei, peguei meu telefone e mostrei uma foto dos meus filhos: "Hu, olha, esses são meus filhos. Eu tenho uma família. Esse dinheiro é muito importante para nós. Você entende?"
Ainda sorrindo, ele deu um tapinha no meu ombro e disse: "Cinco da tarde. Seu dinheiro".
Cerca de quatro horas depois, ele voltou com uma mochila Nike cheia de dinheiro. Ele carregava no ombro como se fosse o Papai Noel com um saco de presentes. Chamou a mim e ao Josh para uma sala ao lado e começou a contar o dinheiro lentamente – um, dois, três... Quase todos os maços eram de cédulas de $50. Ele devolveu cada centavo, e ainda sobraram cerca de 50k na mochila.
– E aí, vamos jogar? – perguntei.
Alguns meses depois, minha esposa pegou um dos maços e encontrou uma nota de $20 no meio.
– Acho que podemos perdoar esses 30 dólares do velho Hu – respondi.
Essa foi, sem dúvida, uma das melhores sessões da minha vida. Eu mal me lembro de ter dormido enquanto Hu esteve na cidade. No poker, você realmente encontra personagens únicos que dificilmente conheceria em qualquer outro cenário.
Chance Kornuth
Quando eu era mais jovem, morava na mesma casa que Ben Lamb e frequentemente comprava partes de sua ação no online. Quando ele jogava PLO, tinha um passatempo curioso: tentar ganhar mãos com quatro cartas iguais. Eu costumava me sentar ao lado dele e assistir. As cartas apareciam uma de cada vez. Se as duas primeiras fossem iguais, eu começava a rezar para que ele não recebesse uma quadra na mão. Uma vez, ele realmente recebeu quatro dois. Havia um raise e uma 3-bet na sua frente. Para o meu alívio, ele foldou.
Naquela época, éramos completamente imprudentes. Um dia típico era assim: ficávamos bêbados, íamos jogar no cassino e terminávamos a noite em um bar ou clube de striptease. Isso durou alguns anos. Em uma noite no cassino, eu podia ganhar ou perder uma quantia de seis dígitos.
Acabei fazendo uma aposta com Shaun Deeb por $2.000, que eu não jogaria mais contra o cassino. Não era um valor tão alto, mas me ajudava a me controlar. Até que tive a "brilhante" ideia de mandar outra pessoa jogar no meu lugar. Dei $5.000 para meu amigo Keith Ferreira. Algumas horas depois, ele voltou do craps com $16.000. Na manhã seguinte, quando recuperei a sobriedade, pensei:
– Acho que isso não funciona. Ainda devo $2.000 para o Shaun.
Minha fase de vício em jogos terminou cerca de sete anos atrás. Eu e alguns amigos fomos para uma série na Flórida, onde bebíamos até perder a consciência todos os dias. Depois de uma semana, percebi que o cofre estava cheio de fichas de $5.000.
Na segunda semana, minha esposa chegou, e eu decidi que não iria beber nem jogar contra o cassino na presença dela. Na noite anterior à chegada dela, fiz as contas: eu tinha ganhado $265.000 no cassino naquela semana. Shaun Deeb comentou: "Você sabe que vai perder tudo se continuar, certo?"
Concordei e fizemos uma nova aposta: $10.000 que eu não jogaria contra o cassino por 10 anos. Já se passaram 6 anos e meio, e estou firme.
Justin Young: Um amigo meu fez uma aposta parecida. Ele apostou que não faria flips. No high stakes cash, no final das sessões, os jogadores frequentemente fazem flips com os restos dos stacks. Ele aguentou por cerca de uma semana e meia, depois quebrou e perdeu $30.000 em flips. Nesse momento, ele lembrou:
– Droga! Esqueci que ainda tenho a multa de $10.000 pela aposta.
Os $10.000 extras o irritaram muito mais do que os $30.000 dos flips.
Uma das minhas apostas mais memoráveis aconteceu há cerca de 15 anos, indiretamente relacionada a você. No Bellagio, organizaram um dos primeiros torneios de PLO com buy-in de $10.000.
Eu estava jogando cash com Dave "Devilfish", e ele me perguntou:
– Qual a odd que você me dá para ganhar esse torneio?
Eu calculei que haveria cerca de 60 jogadores, e não gostava do jogo dele em Omaha. Então, aleatoriamente, ofereci 30 para 1.
Ele imediatamente respondeu: "Fechado!"
Eu ganhei cerca de $5.000 dele no cash e, no final, ele disse:
– Por isso, você deve aceitar mais $2.000, mas a 35 para 1.
– Tudo bem, que seja – concordei.
Eu não planejava jogar, mas alguns minutos antes do torneio começar, fui verificar a situação. Para meu horror, só havia 9 jogadores registrados. Entrei no torneio na hora e liguei para todos que conheciam as regras de Omaha, tentando convencê-los a jogar.
Acabei caindo rápido – naquela época, não havia reentradas. Perdi com uma trinca de Reis no flop contra um wrap do Lamb. Mas o mais absurdo foi que Devilfish também estava na mão, mostrando no flop e foldando com um "desculpe, amigo".
No final, ele chegou ao top 3 com você, Chance, e Ben. Jason Mercier também estava naquela mesa final, se não me engano. Eu saía da zona de cash para ver como as coisas estavam.
Essa foi a aposta mais idiota da minha vida. Os poucos milhares que ganhei de Devilfish no final não fizeram nenhuma diferença na minha vida. Se ele tivesse vencido, isso teria me custado mais de $100.000.
(Nota do Editor: Justin misturou um pouco os fatos devido ao tempo. O torneio mencionado aconteceu em 2009, vencido pelo lendário Ted Lawson. Devilfish ficou em 4º lugar, sendo o bolha, e Chance Kornuth não participou da mão).