Texto original

Quando eu era um jogador profissional de poker, acreditava que o equilíbrio entre trabalho e vida era essencial, especialmente para quem joga poker. Afinal, o poker consome um tempo incrivelmente grande! Se ele ocupa o centro da sua vida e as coisas não vão bem no jogo, dá a sensação de que tudo está fora de controle.

Depois, comecei a me envolver não apenas com o jogo: criei um negócio, comecei a treinar e produzir conteúdo. E descobri que não há nada de tão excepcional nisso! Se sua vida é, antes de tudo, trabalho (qualquer trabalho), sempre há o risco de burnout e de sentir que tudo está desmoronando. Os fracassos nos negócios não são muito diferentes, em termos de sensação, de um downswing no poker.

Você acha que eu estou sugerindo que todos nós precisamos de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal? Não, pelo contrário. Na minha opinião, ninguém realmente precisa disso.

O que exatamente é esse equilíbrio?

Significa que você deve dedicar igual atenção a diferentes áreas da vida? Ou que existe uma proporção ideal, uma quantidade "correta" de horas para trabalho, cuidados com a saúde, família e amigos, e assim por diante?

Mas na vida, passamos por diferentes fases. O equilíbrio para um jogador de poker iniciante de 21 anos será muito diferente do de um banqueiro de 45 anos com esposa e três filhos. E mesmo no próximo mês, suas prioridades podem mudar drasticamente, dependendo das circunstâncias e dos objetivos que você deseja alcançar.

Haverá períodos em que você estará completamente imerso no trabalho, deixando pouco tempo para amigos – e isso é normal, desde que você tenha certeza de que é o caminho certo. E o oposto também é válido – às vezes, você pode deixar o trabalho de lado e passar mais tempo com a família. Quando meu filho nasceu, eu me esforcei, dediquei muitas horas extras ao trabalho – e depois tirei férias e não pensei em trabalho por um mês, pois decidi que a família seria a prioridade absoluta nesse período.

Todas as fotos do artigo são do Instagram de Farah Galfond

No geral, às vezes, não precisamos de equilíbrio algum. Mas isso não significa que você pode sempre fazer apenas o que parece mais importante.

Como então proceder?

Imagine uma pessoa que, recentemente, tem se dedicado intensamente ao grind. Talvez ela:

  • Esteja em um downswing e tente sair dele o mais rápido possível;
  • Prefira não jogar tanto, mas as mesas são boas demais, então ela deixa amigos e família de lado todas as noites;
  • Fez um plano antecipado de que chegou a hora de jogar muito para atingir determinados objetivos. Talvez ela se desvie do cronograma, mas em geral segue o plano.

A diferença está na consciência. Você pode simplesmente grindar todos os dias, e depois de três anos perceber que perdeu saúde e amigos. Ou, ao contrário, pode se entusiasmar com novos relacionamentos ou hobbies e perder oportunidades de carreira. Ou então, você pode fazer um plano e detalhar o que exatamente precisa para atingir objetivos específicos.

No geral, o que estou tentando dizer é: o importante não é o equilíbrio, mas entender claramente que esforços você está fazendo e por quê. Assim, você poderá formular um plano que não comprometa nenhuma área. Você não precisa de equilíbrio, mas de...

Harmonia

Não se trata de distribuir o tempo igualmente entre trabalho e vida pessoal. Trata-se de fazer com que as diferentes áreas da sua vida coexistam de forma saudável. Algumas delas receberão mais atenção em determinados períodos, mas de forma consciente – sem negligenciar completamente as outras.

Para que tudo funcione, será preciso fazer esforços. Você precisará criar certos hábitos e rotinas – um sistema que permita viver sem burnout. Uma coisa é trabalhar muito e cuidar menos da saúde nesse período. Outra coisa é negligenciar completamente dieta, sono e esporte, acabando por prejudicar a si mesmo e ao trabalho.

Então, OK, você trabalha intensamente por vários meses. Por que não pensar em pedir comida saudável em casa, sem perder tempo cozinhando? Mesmo que não seja tão saborosa, não é um problema. E em vez de cinco treinos semanais de uma hora, você pode fazer exercícios quatro vezes por 20 minutos. Encontrar amigos uma vez a cada duas semanas, em vez de duas vezes por semana. Isso ainda é um desequilíbrio a favor do trabalho – mas é consciente e planejado. Você decidiu assim, não está apenas seguindo o fluxo.

Seja consciente nas escolhas e encontre a harmonia que funcione para você. Espero que estas reflexões ajudem a trazer clareza à sua rotina.

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Sobre o Amor

Eu tive períodos de trabalho intenso tanto antes quanto depois de me casar. Cometi muitos erros. Vejo isso frequentemente em outros jogadores também: como progredir no jogo e, ao mesmo tempo, dedicar tempo à família? A história de muitos é a mesma (e comigo não foi diferente): você entra no poker jovem e solteiro, e com o tempo surgem família, responsabilidades e deveres — e você já não pode grindar o dia inteiro sem se preocupar com mais nada.

Muitos nem querem continuar vivendo como antes. Querem levar os filhos à escola pela manhã e passar os fins de semana com a família. Ou estão cansados de decepcionar a pessoa amada, que reclama da falta de atenção. E como resolver isso? Como encontrar harmonia entre essas áreas da vida aparentemente incompatíveis? Eu não tenho uma solução mágica, mas tenho algumas reflexões baseadas na minha experiência e nas de outros.

1. Importa mais a qualidade do que a quantidade

Nem todas as horas do dia têm o mesmo valor. A oitava hora de uma sessão não é tão produtiva quanto a primeira. O quarto período de estudo teórico é muito menos eficaz do que o segundo. Mais importante ainda, espalhar a atenção entre várias coisas destrói o progresso e arruina dias inteiros. Procurar mais horas no dia significa otimizar a agenda. Uma hora de trabalho de qualidade é mais valiosa do que três horas medíocres.

O que sua família valoriza mais: seis horas com você na mesma sala, enquanto você estuda teoria de poker no celular e responde mensagens, ou três horas dedicadas exclusivamente a eles, feliz e cheio de energia?

2. Encontre energia

Preservar energia para todas as tarefas e atividades é uma superhabilidade — e não é algo fácil. Lembro-me bem de dias assim: trabalho 10 horas, uma ligação atrás da outra, tarefa após tarefa. Os intervalos são apenas para ir ao banheiro ou comer uma barra de proteína. Chego em casa exausto, e que versão de mim minha família encontra?

A versão que desaba no sofá. Meu filho pede para brincar, mas eu só consigo sugerir que assistamos TV juntos. Deveria ajudar minha esposa com a casa, mas não consigo me forçar a levantar. Energia zero — tanto física quanto emocional. E, sendo honesto, eu nem consigo nem quero passar tempo de qualidade com minha família nessa noite. Mesmo se me tirassem do sofá e confiscassem meu celular, seria uma versão apagada de mim mesmo.

E se eu organizasse o dia de outra forma? Fizesse um pouco de exercício pela manhã e pausas ao longo do dia para descansar e caminhar? Então eu chegaria em casa como outra pessoa. Teria energia para brincar com meu filho e ajudar minha esposa. E o que eu sacrificaria? No máximo duas horas de trabalho em um dia de 10 horas.

Mais ainda: nessas oito horas de trabalho, eu teria feito mais se tivesse gerenciado melhor minha energia. Seria mais criativo nas reuniões e resolveria mais tarefas. Se estivesse jogando poker, jogaria melhor. No fim, trabalho, família e saúde sairiam ganhando. Mesmo se eu conseguisse apenas uma hora para a família, em vez de duas, ainda seria um progresso. Em resumo, o gerenciamento consciente da energia é a chave para tudo.

3. Escolha de tarefas

Não estou dizendo que pausas, dieta equilibrada e esportes são os únicos segredos para o sucesso. Também importa o que você faz e com quem você interage. Algumas tarefas drenam energia, enquanto outras a renovam. Existem atividades que me irritam e me desgastam. Por outro lado, ligações com colegas ou alunos, quando temos boas conversas, me energizam.

É crucial identificar quais tarefas drenam energia e quais a fornecem. Talvez você possa delegar ou automatizar algumas tarefas irritantes. Ou talvez possa simplesmente ignorá-las? Mesmo que você perca EV no curto prazo, pode compensar em outras áreas mais tarde.

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Mas o que você realmente quer?

Aqui, eu não posso ajudar: cada um tem suas próprias prioridades. Mas tente entender o que é realmente importante para o seu futuro e o que são apenas preocupações irrelevantes.

  • Se você jantar com sua família 5 vezes por semana, e não 7, isso faz de você um mau marido e pai?
  • Sua resposta anterior depende do que seu trabalho pode oferecer à sua família?
  • E se agora você trabalhar bastante, será que poderá passar muito mais tempo com sua família no futuro?

Não estou dizendo que você deve pular os jantares com sua esposa, longe disso. Só sugiro que você reflita: quão bem você está administrando seu tempo e energia, considerando seus objetivos e os objetivos de longo prazo de sua família? Existem alternativas?

Alguns anos atrás, minha esposa Farah me perguntou se eu poderia parar de trabalhar 7 dias por semana (sim, eu vivia assim). Ela queria passar pelo menos um dia do fim de semana comigo — eu concordei, e depois passei a ter dois dias de folga.

Mas algo ainda parecia errado. Cerca de um ano atrás, percebi duas coisas:

  • Desde que nosso filho nasceu, quase não passávamos tempo sozinhos.
  • Sou mais produtivo durante as manhãs.

Então propus a Farah um novo esquema. Em vez de trabalhar 5 dias inteiros por semana, comecei a trabalhar 4 dias completos e dois dias meio período. Isso nos deu mais horas juntos (enquanto nosso filho estava na escola) e não prejudicou meu trabalho. Funcionou perfeitamente.

Agora, passo 11 horas com minha família aos sábados, em vez de 15. Mas ninguém reclama, e ninguém sofreu com isso. Já as 6 horas semanais a sós com minha esposa foram uma conquista incrível para nosso relacionamento, sem prejudicar meu trabalho! Se alguém tivesse me convencido de que "bons pais não trabalham aos sábados", eu nunca teria pensado nessa solução.

O que os outros esperam de você?

Muitos têm medo de dedicar mais tempo ao trabalho e acabar desapontando seus entes queridos. Vejo duas soluções:

  1. Diálogo aberto e honesto: Negocie. Por exemplo: "Se eu fizer isso, conseguiremos alcançar tal objetivo. O que você acha?" Tenha uma justificativa clara para suas propostas, e melhor ainda se elas beneficiarem sua família. "Quero passar mais tempo com você" é um ótimo objetivo.
  2. Alinhamento de objetivos: Defina suas metas e peça que seu parceiro defina as dele. Compare e combine suas metas e discutam como alcançá-las juntos. Quando ambos entendem o que estão buscando, vocês se tornam uma equipe.

Assim funcionam não apenas as relações familiares, mas também os negócios. Quando cada membro da equipe entende a importância de sua contribuição para o objetivo comum, sua motivação atinge outro nível. Você pode simplesmente dizer a um funcionário: "Preencha esta tabela". Ou pode dizer: "Por favor, preencha esta tabela. Vamos usar os dados dela para encontrar novos parceiros de forma mais eficiente. Se tudo der certo, calculamos que a receita da empresa aumentará em 15%. Eu te mantenho informado sobre como as coisas vão progredir!" Percebe a diferença?

Nos relacionamentos familiares, esse princípio também pode ajudar. É uma coisa dizer à sua esposa: "Agora vou trabalhar duas horas a mais, então você terá que levar nosso filho para as aulas". E outra bem diferente é pedir ajuda explicando que, com isso, até o final de 2026, vocês provavelmente poderão se mudar para um apartamento maior. Assim, não parecerá que você está apenas tentando transferir responsabilidades! Não — você está pedindo para ela participar da realização de um plano comum.

Encontre a harmonia que funcione para você

É isso, pessoal. Espero que algo do que compartilhei aqui seja útil para vocês. Vou continuar escrevendo artigos, mas, se me acompanham regularmente, talvez tenham notado que eles estão saindo com menos frequência. Isso ocorre justamente pela falta da energia que mencionei anteriormente: tenho tido menos ideias para criar um conteúdo incrível, além de estar mais ocupado (treinando, lançando a sala BetRivers nos EUA). Por isso, decidi escrever apenas quando estiver inspirado (e tiver tempo livre). Obrigado por lerem, até a próxima!

Já traduzimos várias postagens do blog de Galfond, que ele começou a escrever em 2023. Por exemplo, em um dos nossos textos, reunimos três artigos dele: sobre equilíbrio de ranges em diferentes texturas, uso inteligente da imagem na mesa e transformação de reads em exploits. Leia se ainda não viu!