Cada jogador viaja para o World Series of Poker de uma estrada diferente, e este ano, milhares de pessoas chegarão a Las Vegas com sonhos que foram formados em todo o mundo.
Um desses jogadores que enfrentou uma jornada mais difícil do que a maioria, escapando da Ucrânia devastada pela guerra para evacuar sua família para um local seguro, é Eugene Katchalov.
A jornada de Katchalov do coração de seu país natal, a Ucrânia, para a liberdade do outro lado da fronteira, enquanto as bombas literalmente caíam, é uma das histórias mais incríveis do ano. Enquanto o mundo reagia com choque à guerra na Ucrânia, Katchalov tentou ajudar sua família a escapar em segurança dirigindo pelo país.
“Estou na República Tcheca desde que saímos da Ucrânia”, conta. “Passamos 10 dias em Budapeste, então Leon Tsoukernik alugou quatro hotéis diferentes e convidou mais de 500 refugiados para ficar lá. Eu não precisava da ajuda pessoalmente, mas muitos familiares e amigos da minha esposa que partiram conosco precisavam. Leon instalou todos nesses hotéis e alugamos um apartamento proximo".
O tempo desde aquela viagem fatídica passou e Katchalov diz que fugir da cidade sob ataque e seus esforços subsequentes para arrecadar fundos para aqueles que ainda estão na Ucrânia alteraram sua percepção do tempo.
“As primeiras semanas foram uma montanha-russa de emoções, vendo coisas que nunca pensei que veria. Como tenho audiência no Twitter, achei que seria bom mostrar o que realmente estava acontecendo. Uma vez que entrei na Europa, as pessoas ofereceram suas casas de 16 países diferentes de graça, foi incrível. Conseguimos conectar muitas pessoas porque muitas pessoas da comunidade de poker entraram em contato para ajudar.”
“Comecei a arrecadar dinheiro para diferentes necessidades humanitárias e descobri uma fundação para fazer parceria comigo e com a empresa de eSports de Luca Pagano, a Qlash, para arrecadar dinheiro. Arrecadamos mais de US$ 200.000, o que é incríve”.
Katchalov admite que ele, como a maior parte do mundo, não tem ideia de quanto tempo a guerra vai durar ou como irão se recuperar da devastação que será deixada para trás. Ele espera arrecadar dinheiro para ajudar a fornecer alimentos e assistência médica para aqueles que ainda estão na Ucrânia, os mais afetados de todos durante o conflito.
“O dinheiro pode passar por muitas mãos diferentes, então grande parte do meu esforço tem sido tentar ajudar as pessoas que conheço que estão por lá. Há muito dinheiro entrando, mas o problema maior é a logística.”
Katchalov admite que sua busca pela glória no World Series of Poker deste ano em Las Vegas é também por ele sentir falta de jogar o jogo que ama. Nos últimos dois anos, ele se concentrou no Qlash, o time de eSports que ele dirige com Luca Pagano. Neste ano, no entanto, a oportunidade de arrecadar dinheiro foi boa demais para perder o WSOP.
“Jogar o jogo que sempre amei e fazê-lo por uma boa causa é incrível”, diz ele. “É minha série de poker favorita, sem exceção, nada se compara a ela. Eu sempre amei mixed games e jogos limit, e a WSOP é praticamente o único lugar onde você pode jogá-los.”
Todos estão empolgados com o potencial de crescimento que a WSOP no Bally's e em Paris pode proporcionar este ano. Katchalov não é diferente.
“Acho que pode quebrar recordes”, diz ele. “Sou embaixador do maior site on-line da Ucrânia, o Poker Match, e eles vão comprar uma parte significativa dos meus eventos e doar para a mesma instituição de caridade humanitária que eu.”
Katchalov é apaixonado por filantropia e viu em primeira mão o efeito que isso pode ter em um país desesperado por ajuda de todos os cantos do mundo.
“Meu plano é doar pelo menos 10% para instituições de caridade ucranianas e o PokerMatch doará sua parte total para a mesma caridade. Sinto que meu jogo está ótimo e estou pronto para qualquer resultado.”
Em 2009, a World Series of Poker deu as boas-vindas a Katchalov, de 28 anos, enquanto ele chegava cada vez mais longe no Main Event. Suas memórias daquele evento são claramente muito especiais 13 anos depois.
“Foi o ano em que Ivey chegou à mesa final. Quando restavam 50 jogadores, eu era o chip leader. Eu estava enviando mensagens de texto para Phil enquanto trocando posições no topo. Depois perdi 30 potes seguidos, fui eliminado e fiquei arrasado. Eu adoraria chegar a uma reta final do Main Event novamente.”
A magia de chegar tão perto ainda é palpável para Katchalov depois de todos esses anos.
“Havia quatro mesas restantes, e o primeiro lugar é um dinheiro que muda a vida. Você fica tipo 'Oh, meu Deus'. Isso foi durante o boom do poker on-line também, então você provavelmente ganharia um patrocínio de um dos principais sites”.
A saída de Katchalov veio pelas mãos do homem que chegaria em segundo lugar, perdendo para Joe Cada no heads-up.
“Darvin Moon me pegou!”, ri Katchalov. “Eu também me lembro. Eu estava meio short, com 11 blinds e tinha A-10. Eu fui all-in, e ele tinha acabado de chegar à mesa e estava se sentando. Ele olhou para as suas fichas e, despreocupadamente, pegou uma pilha e pagou. Acho que ele tinha K-K. É uma memória dolorosa… mas foi memorável”.
Katchalov vai focar mais em mixed games, ele ainda se lembra do bracelete no Seven Card Stud, bem como muitos outros momentos de mixed games ao longo dos anos. Ele sente que é nesses eventos que ele tem a maior vantagem.
“Ainda sinto que minha vantagem no NLHE é boa, mas em termos de mixed games, o jogo não avançou tanto. Não há muita popularidade para eles, então o nível do jogo é estável. Estou planejando jogar principalmente limit e alguns dos eventos menores de NLHE, em que os field sejam mais fáceis e, claro, o Main Event, que é especial. Acho que pode chegar a números recordes”.
Katchalov venceu algumas de suas ações na World Series of Poker no Pocket Fives.
“Acho ótimo que existam plataformas, como o Pocket Fives, que permitem um ‘crowdfund’ de seus eventos. É bom poder dar aos fãs mais um motivo para torcer por você e também para apoiar uma grande causa. Eu nunca vendi cotas em público antes. Estou ansioso por isso e, espero, poder ganhar dinheiro para muitas pessoas. Estarei tuitando muito, especialmente para as pessoas que estão me apoiando!”
Depois de uma das jornadas mais difíceis que alguém já teve que fazer, Eugene Katchalov espera levantar o dinheiro necessário e renovar seu caso de amor com o poker na capital do jogo, Las Vegas. Dificilmente poderia haver um jogador melhor para torcer na World Series of Poker neste verão…