Por que, apesar do surgimento de ferramentas poderosas como os solvers e o GTO Wizard, vimos a taxa média de vitórias dos profissionais diminuir lentamente nos últimos anos? Explicarei a resposta para essa pergunta mostrando os cinco maus hábitos que os jogadores desenvolvem ao estudar solvers e estratégias GTO. Reconhecendo esses hábitos, você pode evitar o declínio, se destacar e aumentar seus lucros.
Mau hábito Nº 1: O medo de perder tira a vontade ganhar
Os jogadores frequentemente caem na armadilha de jogar para não perder, ao invés de jogar para ganhar. Quando abrimos um solver, vemos uma estratégia GTO que oferece um framework de jogo inexplorável, equilibrando-se de forma ótima, tornando-o imbatível independentemente da estratégia do adversário. Seu objetivo não é ganhar o máximo de dinheiro possível, mas sim adotar uma estratégia defensiva para não perder.
Embora não perder seja um bom ponto de partida se você está perdendo, seu objetivo provavelmente é ganhar o máximo de dinheiro possível – o que não é o foco do modelo que você está estudando. Para aumentar seus ganhos, você deve evoluir para uma estratégia mais ofensiva, aproveitando as inúmeras oportunidades disponíveis nas mesas.
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Mau hábito Nº 2: Tentar copiar estratégias GTO em vez de aprender teoria do poker
Como concluímos, o objetivo do GTO não é perder, enquanto nosso foco deve ser ganhar o máximo possível. Isso não significa que você deve cancelar sua assinatura do GTO Wizard; em vez disso, você precisa mudar seu foco e ajustar o que pretende aprender com esses solvers. Quando paramos de tentar memorizar e imitar o solver e, em vez disso, olhamos além das frequências e construções de ranges, começamos a notar tendências e padrões recorrentes de jogo.
Por exemplo, podemos identificar situações em que geralmente aumentamos ou diminuímos o tamanho das apostas ou a frequência delas, o que certas classes de mãos alcançam em linhas comumente usadas e como elas geram valor esperado (EV). Compreender esses fatores ajudará a eliminar falhas fundamentais na sua abordagem do jogo e permitirá uma tomada de decisão melhor, mesmo que você seja um jogador mais explorador, pois a teoria, ao contrário das estratégias GTO, oferece mais flexibilidade que permite adaptação em várias situações.
Mau hábito Nº 3: pensar em “Tenho que” em vez de “Posso”
No "mundo GTO", os jogadores têm informações completas sobre a estratégia do oponente. Isso significa que devem construir seus ranges de modo a deixar o oponente indiferente; para muitas mãos no seu range, não há uma decisão de EV mais alta claramente a ser tomada. Em outras palavras, você é colocado em uma posição difícil, pois nenhuma ação é claramente melhor que outra. O solver faz isso porque seu oponente também está jogando perfeitamente; qualquer desequilíbrio em sua estratégia teria consequências diretas e custosas.
No entanto, no mundo real, essas consequências não existem, pois a maioria dos jogadores está ocupada demais com seus próprios ranges e frequências. Eles tentam imitar estratégias de solver sem focar nas suas. Mesmo que tenham essa consciência, não executarão a mesma contra-estratégia que um solver.
A verdade é: você não precisa fazer nada. Em vez disso, foque no que pode fazer com base nos incentivos dados pelos seus oponentes e se a jogada será +EV.
Ao decidir se deve pagar ou blefar no river com uma mão que captura blefes, por exemplo, se você pensa que deve pagar essa mão uma certa porcentagem das vezes, está implicando que seu oponente está jogando uma estratégia perfeitamente equilibrada ou que você é capaz de executar uma estratégia GTO perfeita – o que, em ambos os casos, é muito improvável.
Não pense em pagar ou blefar uma certa porcentagem do tempo apenas para ser GTO. Em vez disso, foque se pode fazer um call ou um blefe +EV naquele momento específico. Se estiver considerando um blefe, avalie se seu oponente provavelmente foldará o suficiente; se estiver em uma situação de captura de blefe, avalie se esse spot é sensível a blefes em excesso ou falta deles. Esses fatores impactarão verdadeiramente sua taxa de vitórias.
Mau hábito Nº 4: Pensar no seu range e frequências em vez do range do oponente
Mudar do pensamento de “tenho que” para “posso” faz parte da evolução de uma mentalidade defensiva para uma ofensiva. Devemos parar de pensar em termos de ameaças e, em vez disso, buscar oportunidades apresentadas pelos oponentes que permitam fazer decisões de EV mais alto. Em vez de focar apenas no seu range de cartas e nas suas tendências, tire os olhos da mesa e comece a observar os de seus oponentes.
Ao reconhecer esses maus hábitos e ajustar sua abordagem, você estará mais bem equipado para navegar pelas complexidades das estratégias de poker modernas enquanto maximiza seu potencial de sucesso nas mesas.
Você começará a notar que, na maioria das vezes, os jogadores não estão empregando uma estratégia tão GTO que torne suas decisões indiferentes. Em vez disso, eles têm tendências e fornecem informações que incentivam você a tomar uma ação com mais frequência do que outra. Se voltarmos aos conceitos teóricos chave que os solvers podem nos ensinar, encontramos a equidade e as frequências como os principais motores da estratégia. Todo oponente humano tem dificuldade em manter as frequências exatas e construções de ranges de um solver, e, uma vez que a construção do range deles determina sua equidade – e a equidade é o principal motor da estratégia – nosso objetivo principal deve ser descobrir o que o oponente possui e o que está tramando. Essas informações nos permitem tomar decisões de EV mais alto e empregar estratégias mais eficazes contra eles.
Mau hábito Nº 5: Randomizar suas decisões durante a mão
Se olharmos uma estratégia GTO de c-bet no flop, vemos o solver misturando muitas mãos. Essa mistura significa que ambas as linhas geram o mesmo EV; ele não pode jogar a mão em plena frequência, pois isso ultrapassaria ou ficaria abaixo da frequência apropriada para a situação em questão. Também não pode simplificar apostando sempre com uma mão e nunca com uma mão semelhante nessa categoria, pois o vilão conhece o range, tornando sua estratégia previsível e explorável.
Quando tentamos copiar as estratégias GTO e começamos a misturar combos simplesmente porque o solver faz isso, muitas coisas podem dar errado. O erro mais significativo é não entender como o EV é gerado nas duas linhas tomadas. O EV real da mão – e, portanto, sua indiferença – é determinado pela sua execução e pela resposta do oponente nas duas linhas. A linha em que você entende completamente e consegue executar melhor – ou na qual induz mais erros do oponente – será a linha de maior EV.
Mau Hábito Bônus: A fixação com blockers
Quando estamos presos no poker defensivo, pensando “tenho que”, e não planejamos com antecedência como gerar melhor o EV, nosso processo de tomada de decisão se torna caótico. Começamos a procurar qualquer tipo de apoio para ajudar nas decisões, com os blockers sendo o apoio mais comum.
Como as estratégias dos solvers são perfeitas, a única maneira de influenciar as frequências do oponente e obter o EV necessário para tornar algo +EV é através da remoção de cartas – ou seja, bloquear ou não ranges de call ou fold.
Embora seja verdade que bloquear ou desbloquear aumenta ou diminui as chances de algo acontecer na maioria das situações reais, isso por si só não é suficiente para determinar se uma jogada é +EV ou -EV. Em vez disso, só aumentará ou diminuirá ainda mais o EV.
Por exemplo, se estamos no river decidindo se devemos blefar após apostar no flop e turn (com um check-check), vemos que o solver prefere claramente blefes que não bloqueiam o range de fold. Embora seja verdade que isso diminuirá a taxa de sucesso do blefe, isso não é particularmente relevante, pois seu impacto em se o blefe é +EV é pequeno demais.
Priorizar blockers no processo de decisão parece ser inútil na realidade; há muitas outras variáveis que terão um impacto maior no EV da jogada do que bloquear ou desbloquear. No entanto, após gastar 100 horas em solvers, é para lá que nossas mentes tendem a ir ao enfrentar decisões.
Esse declínio constante nas taxas de vitória entre profissionais nos últimos anos me leva a questionar: os profissionais estão ganhando menos porque o field está se tornando mais orientado ao GTO, ou porque estão se esforçando demais para jogar GTO?