Liv: Obrigada por aceitarem participar! Este podcast é, antes de tudo, sobre rivalidade. Vamos falar sobre isso. Minha primeira pergunta: quem de vocês tem o espírito competitivo mais forte?
Andrea (olhando para a irmã): A resposta é óbvia.
Alexandra: Acho que sou eu.
Andrea: Com certeza. Quando eu era pequena, algo me deixava muito irritada. Nosso pai pendurou no refrigerador um gráfico com nossos ratings. Só uma vez eu fiquei na frente, mas depois comecei a ficar cada vez mais para trás. Eu ficava furiosa por não jogar xadrez tão bem quanto ela e por não ter entrado em Stanford. Mas, com o tempo, percebi que minha força estava na criatividade e que eu não tinha tanto interesse em aumentar meu rating e ganhar pontos, diferente da Alex, que herdou os genes hardcore gamer do nosso pai. Nosso pai também gosta de poker. Então, nesse aspecto, tenho que dar o crédito a ela.
Alexandra: Aceito.
Liv: Espera, vocês tinham seus ratings pendurados na geladeira?
Andrea: Sim – por idade, ano a ano.
Liv: Para mostrar à Andrea as alturas que ela deveria alcançar?
Alexandra: O clima realmente ficou um pouco doentio, e os gráficos só ficaram lá por um ano, mas em certo momento nosso pai tentou me usar como motivação para a Andrea.
Andrea: E, de certa forma, funcionou, só que não no xadrez.
Liv: Por que não?
Andrea: Acho que eu não amava o jogo. Minha irmã adorava os torneios, mas eu via o xadrez apenas como um meio de entrar na faculdade. Eu não gostava de treinar, os torneios me deprimiam. Mas a Alex adorava competir. Então, nossa infância no xadrez foi muito diferente.
Alexandra: Acho que eu só estava procurando alguma coisa em que fosse boa, e o xadrez foi o que deu certo. Eu gostava mais da facilidade de acompanhar meu progresso do que do jogo em si. O xadrez, por si só, é um jogo meio sombrio.
Liv: Quando eu era criança, era extremamente competitiva. No final do ano, a escola publicava as notas dos exames em diferentes matérias – Geografia, Ciências, etc. Eu precisava saber as notas de todas as outras meninas – estudava em uma escola só para meninas e só podia competir com elas. E, aliás, meu pai... Ele perguntava:
– Quanto você tirou na prova?
– 89.
– Uau, bom! Mas quem tirou a maior nota na turma?
Interessante... Isso é saudável ou não?
Andrea: Boa pergunta. Nosso pai era igualzinho.
– Tirou um 10? Alguém tirou 10 com louvor?
Alexandra: 99? Por que não 100?
Liv: Acho que a competitividade saudável é competir consigo mesma. Olhar para seus próprios resultados e tentar melhorá-los. Mas talvez tudo esteja bem de qualquer forma – desde que você esteja se divertindo. Sim, acho que o mais importante é sempre verificar se a competição ainda traz alegria.
Mas, quando começa a comparação com outras crianças... com supostas rivais... Vocês acham que, desde o início, tentaram fazer de vocês rivais?
Alexandra: Bem, a Andrea é muito mais nova...
Liv: Sete anos, certo?
Alexandra (enfaticamente): Seis e meio. Mas se perguntarem, é melhor dizer que a diferença de idade é de dois anos.
Andrea: Sim, as pessoas acham que somos gêmeas, está tudo certo.
Alexandra: Por causa da diferença de idade, ela nunca poderia ser minha rival, eu não sentia nenhuma ameaça. Eu tinha uma vantagem enorme, e parecia que ela não tinha chance alguma. Mas quando vi no gráfico que, em certa idade, o rating dela estava acima do meu, confesso que entrei um pouco em pânico.
Andrea: A Alexandra sempre foi mais uma modelo para mim. Eu me espelhava nela, não competia. Se a diferença fosse de apenas alguns anos, seria diferente. De vez em quando, talvez até jogássemos os mesmos campeonatos. Mas eu nem a via na escola.
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Liv: É necessário que todo grande enxadrista tenha um pai que, digamos educadamente, inspire?
Alexandra: Definitivamente sim, mas também é preciso ter um espírito competitivo natural. É preciso trabalhar muito na jogo, por várias horas todos os dias, e não dá para fazer isso sem que esse fogo arda dentro de você.
Liv: Quando vocês começaram a participar de torneios?
Alexandra: Eu tinha 7 ou 8 anos, Andrea tinha 6 ou 7.
Liv: Para vocês era uma atividade divertida? Vocês já entendiam que isso seria a vida de vocês?
Alexandra: Não entendia. E também não era nada divertido – só estresse. Mesmo quando ganhei meu primeiro campeonato nacional na minha faixa etária, não foi algo que aumentou minha autoestima.
Andrea: O xadrez era uma parte muito natural da nossa vida. Uma das minhas primeiras lembranças de infância é do nosso pai ensinando xadrez na sala de aula dele, e da Alex viajando constantemente para torneios. Era uma atividade absolutamente normal, padrão.
Alexandra: Quando ganhei o campeonato sub-8 e saí no jornal, meu treinador veio até mim e disse: “Subir é fácil! Difícil é se manter lá!” Lembro que fiquei assustada.
Liv: Interessante que você se lembre disso. Parece ser uma das memórias mais marcantes.
Alexandra: Com certeza.
Liv: Conte sobre a relação com outras crianças durante os torneios. Normalmente, as crianças fazem amizade com seus colegas...
Alexandra: Andrea e eu tivemos experiências diferentes. Quando eu tinha 13 anos, saímos do Canadá, e, no novo lugar, fiquei isolada e não me aproximei de ninguém até a faculdade. O xadrez era minha válvula de escape, e a maioria dos meus amigos eram enxadristas. Mas Andrea era legal e popular...
Andrea: Eu não era legal e popular.
Alexandra: Comparada a mim?!
Andrea: Alex era popular como enxadrista. Ela só saía com enxadristas, viajava...
Alexandra: “Enxadrista popular” é um belo oxímoro.
Andrea: Mas veja onde isso te levou! Nós realmente somos enxadristas populares! E tudo isso porque você transformou isso em um negócio.
Na escola, eu gostava de dançar, amava música e desenho, mas nossos pais nunca incentivaram isso e insistiam que eu deveria jogar xadrez, afinal, nunca conseguiria dançar ou tocar um instrumento no mesmo nível que eu jogava xadrez. Engraçado que hoje eu me dedico muito mais à música.
Na infância, eu nunca realmente me conectei com outros enxadristas. Agora que cresci, isso mudou, o que me deixa muito feliz, mas naquela época não sentia que aquele era o meu mundo.
Liv: Alexandra, como você se sentia jogando contra amigos?
Alexandra: Isso acontecia raramente, na verdade. E eu nunca gostava. Tinha uma amiga próxima, e quando ganhei o campeonato nacional, tive que jogar contra ela e vencê-la. Mas quando uma bolsa de estudos Fulbright está em jogo, é preciso fazer sacrifícios.
Liv: Isso causou alguma tensão entre vocês?
Alexandra: De forma alguma. Entendíamos que, no tabuleiro, não existiam amigos.
Liv: Uau, vocês sabiam disso desde a infância, impressionante. Muitas vezes me perguntam sobre poker, tipo, “Se vocês jogam poker com amigos, vocês realmente tentam tirar dinheiro deles, blefar, irritar e tal?” Uma pergunta tão absurda.
Alexandra: No começo, eu perguntava ao meu pai se podia oferecer empates às minhas amigas, mas as apostas aumentaram tanto que não pude mais me dar a esse luxo. A partir dos dez anos, mais ou menos.
Liv: Você teve alguma adversária difícil?
Alexandra: Sim.
Andrea: Quem?!
Alexandra: O nome dela era Miriam Roy. Ela jogava muito bem e foi a única contra quem eu precisava me esforçar ao máximo. Mas depois ela desistiu.
Liv: O que ela faz agora?
Alexandra: Não faço ideia. Acho que isso significa que eu ganhei.
Andrea: Meu adversário difícil foi um garoto. No meu clube de xadrez da escola, só havia um jogador com rating alto, e ele entrou em Stanford – a universidade dos meus sonhos, onde eu tentei entrar três vezes, mas fui rejeitada todas as vezes. Recentemente, fui lá como youtuber, gravar alguns vídeos, e acabei encontrando ele por acaso. Foi muito legal revê-lo. A vida dele é completamente diferente... Hoje entendo que aquele definitivamente não era o meu caminho, mas na época eu me preocupava muito com essas recusas.
Liv: O que você fez depois de não conseguir entrar na universidade dos seus sonhos? Focou em desenvolver o canal?
Andrea: Quem começou a fazer stream foi a Alexandra, e eu às vezes aparecia nas transmissões dela, tinha uns 15 anos. Aí veio a pandemia. Quarentena. Alex fazia streams, eu tinha acabado de terminar o colégio, conclui os exames alguns meses antes porque as escolas fecharam. Eu ia para a Universidade de Toronto, mas todas as aulas foram para o online, então comecei a participar das transmissões também. Estava indo bem, e decidi adiar a faculdade por um ano – afinal, por que estudar online?
O ano passou, continuava dando certo. Ok, nos mudamos para Austin e adiei mais um ano. Entrei em uma faculdade lá. Agora eu podia streamar com minha irmã e estudar em uma Escola de Negócios. Um sonho!
Passa mais um ano, e percebemos que já tínhamos superado a Twitch. O próximo passo foi o YouTube! E nos mudamos para Los Angeles. Me inscrevi na UCLA e fui aceita. Ótimo – no próximo ano eu estudaria em LA!
Passa mais um ano e percebo que já não queria mais estudar. Então, a faculdade não deu certo para mim.
Alexandra: Nossa mãe ficou bem chateada no início, mas agora parece que aceitou.
Liv: Bem, você poderia ter ido para uma Escola de Negócios e estudado Negócios – ou apenas começado um negócio imediatamente. A escolha parece óbvia.
Alexandra: Concordo totalmente, mas nossos pais são imigrantes tradicionais do Leste Europeu.
Andrea: Para agradá-los, você precisa ser engenheiro ou médico. Mas eles não conseguiram isso de nós.
Liv: Sim, o Igor passou por algo parecido. Os pais dele se mudaram da Rússia para a Alemanha em busca de uma vida melhor. Ele entrou na universidade, estudou Matemática – ele é um excelente matemático! Mas, no último ano, já ganhava muito dinheiro jogando poker – e cada dia perdido era uma oportunidade desperdiçada. Qual o sentido de se formar e depois trabalhar por um salário muito menor do que ele já ganhava com poker? Desde então, ele percorreu um longo caminho, até trabalhou com Elon Musk, mas a mãe dele ainda pergunta, de vez em quando, quando ele vai voltar à universidade e se formar!
Como os pais de vocês reagiram quando anunciaram a decisão de se tornar streamers profissionais? Houve uma conversa específica sobre isso?
Alexandra: Eu me formei em Stanford e trabalhei por três anos em uma startup. Depois a startup faliu, e em vez de procurar um emprego “normal”, eu anunciei aos meus pais que estava me mudando para Nova York para streamar xadrez na internet. A reação da minha mãe: “Não acredito que você vai jogar seu diploma no lixo!” Depois disso, ela mentia para as amigas, dizendo que eu trabalhava com consultoria. Não foi fácil encontrar um ponto de compreensão.
Andrea: É importante entender que eles fugiram da Romênia comunista e tiveram que trabalhar em vários empregos para conseguir uma educação e sustentar a família. Hoje eles nos entendem muito melhor. Mas, quando eu ainda estava na escola e a Alex começou a fazer stream, eles simplesmente não entendiam. “Sua irmã só joga xadrez na internet!” Eles se recusavam a enxergar o quadro completo.
Alexandra: Não era só por causa das origens. Meu investidor da antiga startup também dizia que eu devia arranjar um emprego normal, e meus colegas de faculdade também achavam estranho que eu me dedicasse a esse “negócio de xadrez”. Foi por isso que precisei sair da Califórnia – lá, ninguém acreditava na minha carreira. Se eu realmente falhasse, pareceria uma completa idiota.
Liv: O que vocês gostam nos jogos? Se gostam, claro.
Alexandra: Eu adoro jogos. Eles capturam totalmente a minha atenção, eu entro em estado de fluxo e me sinto incrível. E... eu gosto de vencer. Quando eu perco, o jogo me diverte muito menos.
Andrea: Eu pensei muito sobre a minha relação com jogos. Claro, quem não gosta de ganhar? Mas eu ganho menos do que a Alex. Entendo o argumento sobre o estado de fluxo agora, porque o sinto através da música. Ser DJ é a primeira atividade na minha vida em que posso trabalhar por oito horas seguidas sem me cansar. É uma sensação mágica que eu nunca tive com o xadrez.
Eu gosto do xadrez como entretenimento, adoro conversar sobre o tema e tudo mais. Mas o jogo em si nunca me trouxe prazer, então precisei construir meu próprio mundo ao redor dele.
Liv: Você pode explicar o que entende por “estado de fluxo”?
Andrea: Eu tenho um déficit de atenção muito forte, é difícil me concentrar em uma coisa só. No xadrez, isso nunca funcionou. Você fica sentada por cinco horas no tabuleiro e, teoricamente, pensa apenas no jogo, mas, na prática, pensa em qualquer outra coisa. Pensa um pouco na jogada, depois nos planos de amanhã, no almoço... e, com esforço, volta ao jogo. É como se você tivesse que lutar constantemente pela própria atenção.
Mas, quando estou preparando um set para um show em Berlim, escolhendo músicas, organizando a ordem, ajustando transições, tudo flui naturalmente, novas ideias surgem o tempo todo e eu não preciso forçar nada. E não me distraio! Mas no xadrez, a sensação é diferente.
Alexandra: Eu perco a noção do tempo. Posso sentar para jogar online, sem nem abrir a stream, e só perceber que se passaram cinco horas depois.
Liv: Parece que o ponto comum entre vocês é essa mudança de percepção do tempo e um estado alterado de consciência. E Andrea, parece que quando você trabalha em um set, não usa o pensamento lógico consciente.
Andrea: Sim, acho que a música ativa outra parte do meu cérebro. Mas, de certa forma, eu encaro isso quase como o xadrez. Quando preparo um set, preciso que todas as transições estejam perfeitas. Quero criar um show com lógica interna e uma narrativa. Para isso, preciso organizar tudo na ordem certa, o que leva horas. Tenho milhares de músicas no meu software, passo por elas, vejo quais combinam melhor. É como montar um quebra-cabeça. Algo sombrio primeiro, depois algo energético, depois uma mudança de gênero... Resolver esse quebra-cabeça musical me diverte, mas no xadrez, nem tanto.
Liv: Qual é a diferença entre um quebra-cabeça e um jogo? Eu sinto que há uma diferença, mas gostaria de entender melhor e colocar isso em palavras.
Alexandra: Dentro de um jogo há vários quebra-cabeças, mas também há muito mais.
Andrea: Um quebra-cabeça tem uma solução única, mas um jogo tem vários caminhos para o sucesso. Não é necessário encontrar a jogada mais mirabolante – você pode apenas fazer jogadas sólidas.
Liv: A diferença entre ser DJ e jogar xadrez é que, no xadrez, há um objetivo claro e final. O xadrez e o poker, por exemplo, são jogos de soma zero – um jogador ganha, o outro perde. Sendo DJ, a soma é positiva, todos saem ganhando. Você pode fazer um set decente e as pessoas vão se divertir, ou fazer um set incrível e elas terão uma noite memorável. Mas é mais difícil medir isso.
Andrea: Normalmente, DJs improvisam. Eles só aparecem, conectam o pen drive e deixam a criatividade fluir. Eu quero ter todas as respostas antes. Então, de certa forma, também trabalho com um objetivo final claro.
Liv: Quando você entra em estado de fluxo?
Liv: Houve um tempo em que eu encontrava isso no poker, especialmente no início, quando eu amava o jogo. Mas, depois de ganhar meu primeiro grande torneio – o EPT – foi mais difícil. Eu comecei a sentir que aquilo era um trabalho. Eu tinha adesivos de patrocinadores, uma grande responsabilidade. Isso me sobrecarregou. Hoje, eu entro em fluxo quando escrevo.
Quando fiz um filme sobre Moloch, mergulhei totalmente no processo. Passei três semanas nisso, filmando em um galpão frio no jardim de casa, em Oxford. Era o único lugar silencioso o suficiente. Igor dizia que eu saía de manhã e voltava à noite, e ele ficava feliz que eu ainda estava viva.
Andrea: O que você disse sobre poker e patrocínios me toca muito. Eu amo Rick Rubin, escuto todos os podcasts dele. Em um episódio com o Daily Stoic, falaram que o artista morre criativamente quando começa a trabalhar para os outros, não para si. É difícil evitar isso após o sucesso.
Meu primeiro set de DJ foi mágico e rapidamente se tornou muito popular. Senti o sucesso e tentei repeti-lo, mas parecia um dever de casa ou um trabalho enfadonho.
Alexandra: Ha! Se ainda tivessem milhões de visualizações, continuaríamos gravando! Eu pessoalmente estou disposta a sacrificar e lançar conteúdo que não gosto tanto, se ele agrada ao público. Mas quando o prazer e as visualizações caem, fica muito mais fácil abandonar.
Andrea: No conteúdo, é importante encontrar seu próprio nicho. Embora tenhamos começado com xadrez, sinto que nossos pontos fortes são nossas personalidades e a forma como nos comunicamos. Quando analiso o que faço de melhor, percebo que tudo isso é valioso em vlogs e podcasts também. Talvez já seja hora de sair do tabuleiro de xadrez.
Liv: Quero falar sobre como é ser mulher no cruzamento entre jogos e redes sociais. Quando entrei no poker, sabia perfeitamente que teria uma grande vantagem se enfatizasse minha aparência.
Andrea: Com certeza.
Liv: Eu não teria essa carreira se não fosse mulher. Ao mesmo tempo, isso gerava um conflito interno. Eu me respeitava como jogadora de poker e sabia que podia ter bons resultados. Mas se eu investisse na "beleza", isso aconteceria às custas da habilidade, não? Como vocês lidaram com isso?
Alexandra: Isso me incomodava muito. Antes mesmo da Twitch, algumas fotos minhas de torneios viralizaram, e eu sentia repulsa, porque essa fama vinha pelos motivos errados.
Minha visão atual pode ser resumida com uma frase do poker: jogamos com as cartas que nos dão. Algumas pessoas são incrivelmente engraçadas, outras incrivelmente inteligentes. Uma mulher pode se destacar de outras formas. Ok, então é isso que farei. No final das contas, isso não traz apenas vantagens. As mulheres nas redes sociais sofrem muito mais do que os homens com distúrbios relacionados à aparência. Se eu vou sofrer com os lados negativos de qualquer maneira, também devo aproveitar os positivos. A competição nas redes é alta demais para abrir mão de uma vantagem dessas. E ser uma garota, mesmo bonita, não é nem de longe suficiente.
Andrea: Eu comecei a streamar com 16 ou 17 anos. Imediatamente fazia maquiagem pesada, usava delineador grande, e push-up desde os 14, porque as influenciadoras do Instagram tinham seios fartos. Hoje fico um pouco triste por ter sido tão natural mirar no público masculino sem nem pensar nisso. Claro, hoje continuo fazendo isso de forma consciente. Sem minha aparência, não teria carreira. Mas tudo bem. Quais outros pontos fortes eu quero destacar? Vamos trabalhar nisso também. A beleza natural permite que seu conteúdo viralize, mas não deve ser o único motivo.
Alexandra: Para gravar um short, Andrea troca de roupa cinco vezes, muda o cabelo e a maquiagem.
Andrea: É que eu odeio como fico no vídeo.
Alexandra: Quero dizer que ela paga um preço pelas expectativas, e as pessoas nem sempre entendem que beleza é uma faca de dois gumes. Tem seus prós e contras. O mesmo vale para qualquer qualidade de nicho.
Liv: No poker, as mulheres eram mencionadas, na maioria das vezes, em listas como “Top 10 beldades do poker”. É mais uma armadilha de Moloch: você sabe que isso não é bom para você, mas é ótimo para sua carreira.
Alexandra: Além disso, se você não fizer esforço, receberá MUITOS comentários negativos sobre sua aparência... Melhor se esforçar.
Andrea: Não temos o direito de não parecer bem.
No geral, a única saída é não fazer da aparência sua principal e mais marcante característica. Ela pode ser usada como chave para atrair o público, mas depois você precisa mostrar personalidade, senso de humor, etc. Se alguém clica no vídeo porque gostou da garota – não há nada de errado nisso, mas depois você precisa dar mais um motivo para que ele continue assistindo.
Alexandra: O desejo de parecer bem na câmera foi influenciado principalmente pela minha irmã.
Quando você tem uma irmã mais nova, super bonita, bem maquiada e carismática, o público automaticamente começa a nos comparar, e me sinto obrigada a melhorar um pouco.
Andrea: Aí está a competição!
Alexandra: Não estou dizendo isso de forma negativa para a Andrea, apenas explicando que eu realmente não tinha escolha.
Andrea: Nós nos impulsionamos constantemente.
Liv: Vocês gravaram um vídeo sobre o caso em que a streamer de xadrez Dina postou uma foto jogando de lingerie e dividiu a comunidade de xadrez. Especialmente as mulheres! Outra enxadrista, Elisabeth Paehtz, tweetou “que vergonha” e outras coisas. Ela é Grande Mestre, certo? E um pouco mais velha.
E a foto da Dina, na opinião dela, mancha a imagem do xadrez feminino. Gostaria de ouvir seus argumentos. Eu entendo por que qualquer um dos lados pode estar certo.
Alexandra: Eu também entendo ambos os lados. E Dina, desde então, parou de postar fotos assim. Mas, para uma mulher criadora de conteúdo, publicações como essa podem representar 95% da renda. Recusar isso é abrir mão de estabilidade. Sem falar da liberdade pessoal – que direito você tem de exigir que alguém abdique de algo que traz segurança à vida dela? Isso é injusto.
Por outro lado, Elisabeth é enxadrista profissional, dedicou a vida inteira ao esporte e se preocupa com a imagem do xadrez feminino. Entendo por que ela fica frustrada quando esse tipo de conteúdo se espalha. Mas essa é a realidade do mundo. É assim que o sistema funciona.
Não podemos dizer que o episódio com Dina foi inédito. Alexandra Kosteniuk, ex-campeã mundial, postava fotos jogando xadrez de biquíni. E um dos patrocinadores do campeonato mundial feminino era uma empresa de implantes de silicone.
Andrea: Hahaha! Maravilhoso.
Liv: O quê?
Alexandra: Há tão pouco dinheiro no xadrez feminino que os organizadores aceitam qualquer proposta. Então, não vejo diferença entre o que a Dina fez e o que todos aceitamos como padrão.
O mais curioso é que a Dina é extremamente conservadora. Ela nem usa biquíni de duas peças. Mas não viu problema em aproveitar a chance de multiplicar a renda por dez. Agora ela parou completamente e fez rebranding, focando em conteúdo educativo.
Liv: Eu passei por algo semelhante em 2009, quando fotos minhas sensuais saíram em uma revista. A comunidade não me criticou! Uma jogadora mais experiente, que era como mentora para mim, apenas perguntou: “Você é inteligente e joga bem poker. Tem certeza de que quer seguir por esse caminho também?”
Hoje, vejo aquelas fotos e penso... Bem, eu não faria de novo. Parecem um pouco apelativo, sem gosto. Mas ainda estou feliz por ter feito. São sexy. Quando eu estiver velha, vou mostrá-las e dizer: olha, essa também fui eu!
Alexandra: Quando as pessoas tiram fotos assim pelos motivos certos, isso as fortalece. “Eu nunca mais serei tão sexy – por que não registrar isso e compartilhar com todos?” Eu entendo. Só me preocupa que possamos cair na armadilha onde o lucro financeiro ofusque tudo o mais.
Liv: Pelo que entendi, no caso da Dina, a foto ousada não era uma forma de expressão pessoal nem refletia sua personalidade. Eu sempre fui muito aberta. Vocês já me viram no Burning Man! Para mim, isso é natural.
Já ouvi muitas histórias sombrias sobre como as mulheres são tratadas no xadrez. Acho que é muito pior do que no poker! Não me levem a mal, houve bastante sexismo no poker durante a minha carreira, mas, no geral, as vantagens de ser mulher superaram os pontos negativos. Com o tempo, as melhores jogadoras de poker conquistaram o respeito que realmente merecem. Minha pergunta é, antes de tudo, para você, Alex, porque você começou a jogar poker e entende bem os dois mundos. É verdade que há mais hostilidade no xadrez? Se sim, por quê?
Alexandra: A impressão que eu tenho é que muitos dos meus amigos do xadrez sinceramente não respeitam as mulheres. Eles não têm amigas próximas – mulheres, não acreditam em amizade entre homens e mulheres, e veem as mulheres no mundo do xadrez apenas pelo viés de quem é mais atraente e com quem podem se envolver. Dizem que não conseguem jogar direito contra mulheres e alguns até acreditam que a inteligência feminina é inferior à masculina.
Isso tudo vem de uma convicção interna profunda. Eu nem fico tão irritada quando vejo esse tipo de coisa, porque entendo de onde vem: esses caras cresceram em círculos restritos de xadrez, onde quase não há mulheres e existem muitos preconceitos.
O problema vai além do assédio. A misoginia deles é tão profundamente enraizada que pode até afetar minha própria saúde mental.
Mas tudo isso foi há alguns anos. Talvez agora seja diferente. Eu nem posso dizer como está a situação atualmente, porque nos tornamos influenciadoras de xadrez, e todo mundo é muito gentil conosco. Quando eu jogo poker, todos correm para tirar fotos comigo, etc. Então, não posso julgar ou comparar.
Andrea: Em competições de xadrez, as mulheres são frequentemente objetificadas, isso é verdade. Somos tão poucas, e há tantos homens, com tanta testosterona circulando, que quase todas as conversas giram em torno de sexo. Felizmente, os streams nos permitem mostrar quem realmente somos.
É por isso que há tantas criadoras de conteúdo incríveis na Twitch – Anna Cramling, Jules Gambit, minha amiga, que é uma das pessoas mais engraçadas que conheço...
Agora temos a oportunidade de mostrar que somos mais do que apenas rostos bonitos. Sou extremamente grata às redes sociais por nos darem essa plataforma. Talvez as garotas mais jovens, que seguem um caminho puramente profissional, sintam a situação de maneira diferente.
Alexandra: Muitas pessoas no mundo do xadrez nos chamam de “vagabundas do xadrez” ou algo do tipo.
Liv: O quê?
Alexandra: Bem, esse é o mundo do xadrez. Isso não me incomoda. As pessoas que decidiram fazer do xadrez uma carreira geralmente têm uma vida muito difícil, porque é um caminho incrivelmente desafiador, mas são extremamente ambiciosas e têm dificuldade em aceitar que alguém que joga muito pior do que elas pode ser financeiramente bem-sucedido. Então, há muita inveja nesse tipo de negatividade.
Os amadores não têm razão para sentir inveja de nós, então recebemos principalmente positividade deles. Nós os entretemos, e eles nos agradecem por isso.
Liv: Entendi... Então a situação no poker é melhor porque há mais dinheiro. Tanto em prêmios quanto em patrocínios – pelo menos na minha época. O bolo era enorme e continuava crescendo.
E o "bolo" do xadrez? Claramente, ele cresceu para vocês – não existia streaming de xadrez há alguns anos. E "O Gambito da Rainha" veio na hora certa. Mas e para os grinders comuns?
Alexandra: O bolo cresceu, mas principalmente para treinadores e jogadores de topo. Se você é um grande mestre do top 1000, fica de fora dos prêmios maiores, e se não gosta de dar aulas, não há muitas formas de ganhar dinheiro.
Liv: É interessante que o melhor enxadrista do mundo – Magnus – também esteja construindo um império de negócios em torno de si, que não está diretamente ligado ao jogo dele.
Alexandra: Magnus é, possivelmente, o melhor jogador da história do xadrez e o número 1 há muito, muito tempo. Em qualquer esporte, há uma grande diferença entre o número 1 e o número 2. Acho que sua longa dominação permitiu que ele criasse uma marca forte e reunisse uma excelente equipe. Educação em xadrez, fantasy e coisas do tipo – esses são os interesses dele.
Andrea: Magnus é uma personalidade tão forte que, quando ele decidiu não defender o título de campeão mundial, muita gente perdeu o interesse em saber quem era o novo campeão ou o desafiante. Eu, pessoalmente, não sei quase nada sobre Ding ou Gukesh como pessoas. Mas, por exemplo, Hans Niemann está em evidência. Ele nem deve estar no top 100, certo? Mas tem carisma, tem personalidade, por isso é conhecido. 99% dos jogadores não tentam se vender como personalidades.
Liv: Uma das razões que tornaram o poker tão popular na TV foi o trash talk. E, aliás, vocês estão entre as melhores do mundo nisso, sério. Trash talk é a linguagem do amor no poker. Por que os enxadristas quase nunca fazem isso?
Eu joguei poker com o Magnus durante a pandemia, tínhamos um jogo semanal privado por aplicativo. Ele é um trash-talker de outro mundo. Por que, então, as partidas clássicas de xadrez sempre acontecem em silêncio?!
Irmãs: Por causa das regras, infelizmente.
Liv: Pelas regras?! Meu Deus.
Andrea: Podemos falar apenas durante as streams. É por isso que eu adoro o formato de cash game no Hustler Casino Live – é um jogo caro, sério, mas ainda assim permite que os participantes se expressem. Eu adoraria ver algo assim no xadrez com mais frequência. Mas o xadrez competitivo é um mundo de silêncio.
Liv: Isso me choca.
Andrea: É por isso que as streams cresceram tanto! Jogar blitz e conversar – era isso que todos queriam.
Liv: Uma coisa que o poker tem de sobra é a capacidade de se adaptar. Câmeras para mostrar as cartas, infográficos, etc. – o poker sempre adotou essas ideias rapidamente para se promover. Talvez porque havia competição entre os organizadores. WSOP, WPT, EPT, e não havia uma autoridade central impondo regras a todos.
Será que todos os problemas do xadrez vêm do fato de existir a FIDE? Estagnação constante, o campeonato mundial sempre em formato clássico, e nada de conversa durante o jogo! Alguém já tentou criar uma alternativa à FIDE?
Alexandra: Bem, o chess.com é, de certa forma, uma alternativa. Eles organizam partidas com microfones ligados e experimentam diferentes formatos. Mas, em certo nível, o jogo se torna muito intenso. Quando há pontos de rating em jogo, os enxadristas sérios querem uma competição séria. Trash talk funciona melhor para formatos mais casuais.
Andrea: A maior mudança que já passou da hora de acontecer é a aceleração do controle de tempo. Muitos top players e todos os streamers defendem isso. Partidas mais rápidas são mais fáceis de acompanhar para o público. Mas as partidas clássicas da FIDE ainda são longas – uma partida pode levar de 3 a 4 horas.
Alexandra: Um torneio do chess.com, onde streamers famosos que não jogavam xadrez participaram, acabou sendo incrivelmente popular. Nós ensinamos um pouco a eles, e depois jogaram um torneio com prêmios decentes, divertindo todo mundo durante as partidas. Esse evento teve muito mais visualizações do que os torneios de elite.
Liv: No poker, é quase impossível determinar quem é o melhor do mundo. A variância, os diferentes formatos, e a ausência de um padrão que todos considerem o “padrão-ouro” tornam isso complicado. Por isso, o título de campeão não nos limita. As pessoas se interessam por quem ganha mais ou por quem blefa de forma mais absurda. Mas no xadrez, há um critério claro e simples para definir o melhor jogador.
Andrea: Outra diferença é que jogadores de poker passam muito mais tempo sem jogar do que enxadristas. Eles podem relaxar e conversar. No tabuleiro, mesmo depois de fazer um lance, você continua calculando as próximas jogadas. No poker, se você dá fold, pode descansar. Há muito tempo livre.
Liv: Qual foi a coisa mais estranha que aconteceu com vocês durante uma partida?
Andrea: Humm...
Alexandra: Ah! Um jogador na mesa ao lado morreu.
Liv: Gostei que você teve que pensar para escolher essa história. Você realmente estava escolhendo!
Alexandra: Não, eu só bloqueei essa memória muito bem. Foi meio traumática.
Andrea: Casos assim têm acontecido com mais frequência ultimamente. É muito triste.
Alexandra: Sim, muito triste. Ele era bem mais velho, teve um derrame durante a partida, e o oponente aceitou um empate...
Andrea: Como assim – um empate? Ele morreu antes ou depois do empate?
Alexandra: Antes. O oponente não quis reivindicar a vitória.
Liv: Vocês acham que o falecido teria aprovado isso?
Andrea: Sempre me perguntei se a tensão durante uma partida pode de alguma forma desencadear um derrame. Eu ficaria muito triste se morresse porque estava pensando demais em uma jogada.
Alexandra: A partir de certa idade, o risco de morte se torna bem mais alto.
Mas chega disso. Andrea, você tem uma história melhor?
Andrea: Não, nada acontece comigo. Uma vez, um cara me esperou na porta do banheiro durante um torneio. Ele era tímido, me entregou um cartão de visitas e disse que era fã de xadrez. Esperou três horas para me convidar para uma festa. Foi em algum subúrbio da Polônia, e eu disse que provavelmente não poderia ir, mas agradeci o convite. No geral, enxadristas são muito tímidos, eu nunca tenho histórias malucas.
Liv: Vocês voltariam ao xadrez profissional?
Andrea: Mas nós voltamos! Por alguns meses! Durante três meses, streamamos nossas partidas ao vivo por 10 horas por dia.
Alexandra: Na verdade, eram seis horas.
Andrea: Pareceu muito mais para mim. Mas, claro, você está certa – o tempo parecia passar devagar demais.
Alexandra: Eu percebi que grindar xadrez em torneios profissionais não me interessa. Prefiro pensar em novo conteúdo. Então, é improvável que eu volte.
Andrea: Fizemos uma espécie de híbrido – jogamos xadrez sério, mas nos fins de semana gravávamos vídeos, partidas de blitz e nos divertíamos. Mas, para competir em torneios assim, eu precisaria treinar sério. Meus oponentes são crianças que passam seis horas se preparando, e eu não tenho tempo para isso – e, mais importante, não tenho como justificar esse investimento de tempo. Mas se me convidarem para um torneio com outros criadores de conteúdo, onde possamos jogar e criar ao mesmo tempo, estou 100% dentro.
Liv: Como vocês veem os próximos três anos da vida de vocês?
Alexandra: Trabalhei em um jogo baseado em xadrez que será lançado no próximo ano. Estou ansiosa para isso. Não posso nem dizer o nome ainda. Além disso, Andrea e eu começaremos a criar mais conteúdo pessoal, menos relacionado a xadrez. Vamos voltar a fazer o que realmente gostamos. Amanhã, por exemplo, vamos gravar um vlog sobre Fórmula 1.
Andrea: Sim, será um ano de renascimento. Este ano mesmo a Alex criou um canal de poker, e isso me motivou a criar um canal com minhas músicas. Ela fez um vídeo que teve 200 mil visualizações – isso significa que eu preciso me esforçar mais no próximo. É engraçado, não competimos uma com a outra, mas o sucesso da minha irmã me motiva muito. Pela primeira vez, estamos lançando vídeos não relacionados ao xadrez que têm mais visualizações do que os de xadrez! Isso mostra que as pessoas estão interessadas em nós como indivíduos, e não apenas nas nossas partidas. Isso é um ótimo sinal.
Alexandra: Sei que Andrea está realmente investindo na música. Eu ainda não sei o que vou fazer. Vou vivendo um dia de cada vez. O importante é ser fiel a mim mesma.
Liv: Vamos encerrar com uma série de perguntas rápidas. Responda instintivamente, sem pensar, com o primeiro número que vier à mente de 0 a 100. Vou fazer contagem regressiva – três, dois, um – e vocês respondem ao mesmo tempo. Espero que funcione.
Qual a probabilidade de que o canal Botez Live ainda esteja no ar em cinco anos?
Irmãs (em uníssono): 50.
Liv: E em dez anos?
Andrea: 10.
Alexandra: 20.
Liv: Uau, vocês estão bem calibradas!
Vocês têm 1,7 milhão de inscritos. Qual a chance de terem 10 milhões em cinco anos?
Andrea: 10.
Alexandra: 5.
Andrea: Eu ia dizer menos de 10%, mas quis manter o otimismo.
Alexandra: Talvez em nossos canais pessoais somados, mas não sei como impulsionar o Botez Live até lá.
Liv: Qual a probabilidade de uma mulher vencer o Campeonato Mundial Aberto em 25 anos?
Alexandra: 5.
Andrea: 10.
Liv: E de uma mulher estar no top 10 do ranking em 10 anos?
Andrea: 50.
Alexandra: 15.
Andrea: Uau, você realmente não acredita nisso? Só 15%?
Alexandra: Simplesmente há poucas mulheres jogando xadrez.
Andrea: Eu ainda acredito que alguma garota incrivelmente talentosa surgirá.
Alexandra: Em um intervalo maior, eu responderia diferente. Mas 10 anos é pouco. Quem pode estar no top 10 em uma década já deveria estar ganhando campeonatos juvenis, e eu não vi nenhuma garota assim.
Liv: Próxima pergunta do Igor. Qual a chance de uma variação de xadrez – como blitz ou Fischer Random – ser tão relevante quanto o xadrez clássico em 10 anos?
Andrea: 60.
Alexandra: 10. Espero que seja o jogo em que estamos trabalhando.
Andrea: Eu acredito no blitz de 3 ou 5 minutos. Acho que esse é o caminho. Talvez as personalidades do blitz sejam mais carismáticas que os enxadristas sérios.
Liv: Chance de Andrea ser DJ em um festival com mais de 20 mil pessoas em dois anos?
Andrea: 100.
Alexandra: 50.
Andrea: Já fui convidada para um festival no próximo ano. Normalmente, tem de 20 a 60 mil pessoas.
Liv: Qual a chance de a Alex ganhar um bracelete da WSOP nos próximos 10 anos?
Andrea: 15.
Alexandra: 5.
Andrea: Eu falaria um número maior, mas não tenho certeza se a Alex vai jogar poker regularmente durante todos esses dez anos.
Alexandra: Exatamente.
Liv: Qual a probabilidade de Hans Niemann ter trapaceado contra Magnus?
Irmãs (juntas): 10.
Liv: E a chance de ele ter usado especificamente um plug anal com vibração?
Irmãs (juntas): 100!
Andrea: Hahaha! Claro que é zero, nós duas sabemos que isso não aconteceu, mas acho que temos o mesmo senso de humor!
Liv: Última pergunta: quem de vocês é a melhor no trash talk?
Andrea: Ela, claro. Ela ganha com mais frequência! E trash talk fica ridículo quando você está perdendo.
Alexandra: Eu me dedico muito a isso. E, aliás, meu trash talk fora das câmeras é muito mais pesado. Acho que não quero ser cancelada. Às vezes, parece que um demônio toma conta de mim. Eu ouço o que estou dizendo e fico chocada. É algo que claramente me domina.
Liv: Acho que o nível certo de maldade em cada um de nós precisa ser maior que zero. Todos temos um demônio interior. E é por isso que os jogos são tão importantes – eles nos ajudam a fazer as pazes com essa criaturinha e canalizar sua energia de forma positiva. Algumas pessoas não entendem por que ficamos tão obcecados com jogos.
Alexandra: Não entendo como alguém pode não se apaixonar por jogos.
Liv: Obrigada!