Nove anos atrás, um recém-formado de 22 anos de Michigan State, chamado Ryan Riess, ganhou o Main Event da World Series of Poker para mais de $8,3 milhões.
Entre ganhar o buy-in da World Series com seu último tostão e hoje, uma década de crescimento, paternidade e memórias viu 'Riess the Beast' se tornar um dos jogadores de poker mais respeitados do planeta. Esta é a história da mão que mudou a vida jovem de Ryan Riess.
Aproveitando o momento para entrar na WSOP
“Momento” é algo que se fala no poker com frequência, e foi uma das principais contribuições para o sucesso de Riess no Rio (cassino) há nove anos, em novembro.
Depois de se formar em Administração, Riess decidiu jogar um evento do WSOP Circuit em outubro de 2012. O custo não estava apenas fora de seu bankroll habitual, mas era tudo o que ele tinha.
“Foi um buy-in de $1.675 e era todo o dinheiro que eu tinha”, disse o campeão mundial de 2013. “Eu ganhei $270.000. Esse foi meu primeiro prêmio em um torneio ao vivo e como a minha carreira no poker começou.”
Depois de ganhar alguns pequenos prêmios em torneios em Los Angeles, ele levou esse momento para uma World Series, onde jogou tudo o que podia pagar.
“Eu tinha um monte de prêmios menores, mas estava no zero a zero, as despesas são altas. Então fui para o Main Event. Vendi algumas partes para familiares e amigos e troquei porcentagens com outros jogadores. Eu estava jogando por pouco mais de 50%. Eu estava em um bom momento, mas ainda era relativamente novo nos torneios. Eu estava começando a fazer amizade com as pessoas do circuito; éramos todos jovens na época e aprendendo juntos.”
Iniciando o Main Event no Dia 1A, Riess teve jogadores como Mike Matusow e T.J. Cloutier em sua mesa. Apesar disso, ele acumulou muitas fichas, mais que o dobro do que começou.
“Eu era muito ingênuo, o que era uma coisa boa. Eu não estava acompanhando as outras mesas ou atualizações ao vivo e nunca pensei em quanto dinheiro eu poderia ganhar, então nunca fiquei pressionado”.
Acreditando que poderia vencer
Riess estava muito longe de vencer, mas isso estava para mudar. No meio do Main Event, ele diz que ficou com menos de 30 big blinds por “dois ou três dias”, mas um coinflip crucial aconteceu quando seu 9-9 sobreviveu contra o K-J suited de Rep Porter.
“A atmosfera era incrível”, ri Riess. “Se eu tivesse perdido essa mão, ficaria com nove big blinds. Ganhei o flip e isso me levou a 50 big blinds, que me deixou bem tranquilo no torneio”.
Depois que Riess venceu o Main Event, ele disse em entrevistas que era "o melhor jogador do mundo", mas ele admite que isso não era verdade. Era mais sobre a crença que ele precisava ter para realizar seu sonho.
“Acho que para ganhar algo, você tem que acreditar antes e depois trabalhar incansavelmente”, diz ele. “Olhando para trás, não acho que fui o melhor jogador do mundo. Eu não estava nem no top 1.000. Mas eu realmente acreditei que era na época e acho que isso me deu uma chance de vencer. Se eu não acreditasse que era o melhor, provavelmente nem deveria ter me registrado no torneio”.
Ganhar essa mão contra Porter faria Riess chegar à mesa final, mas ele estava longe do chip leader, que era JC Tran. Uma série de outros profissionais mais experientes estavam na mesa final.
“Tran teve muito azar na mesa final depois de chegar como chip leader e não conseguir fazer muita coisa. Achei que o melhor jogador da mesa era Marc Etienne McLaughlin”, diz Riess. “Ele era muito bom, muito agressivo. David Benefield também era um top mundial, mas ele ficou short e não teve muito o que fazer”.
Benefield e Riess foram os únicos a não usar patches de patrocinadores na mesa final.
“Eu nunca aceitei nenhum acordo de patrocínio ou usei patches. Recusei muito dinheiro, mas não queria que eles dissessem o que eu tinha de fazer, vestir ou escrever nas redes sociais. Eu não queria que nada atrapalhasse meu julgamento. Achei que a responsabilidade do que eu tinha que fazer seria maior do que o valor do que eles estavam me oferecendo. Talvez se eu tivesse usado um patch, teria que ter feito outras coisas, não teria estudado tanto e não teria vencido”.
Vencendo Farber e conquistando a vitória
Riess nunca havia jogado contra Jay Farber antes do Main Event daquele ano, nem sentiu que eles jogaram potes significativos um contra o outro até serem os únicos dois jogadores restantes. De repente, porém, um deles ganharia US$ 5,1 milhões e o outro levaria US$ 8,3 milhões e se tornaria campeão do mundo.
“Começamos com as mesmas fichas e decidi ser agressivo. Jogamos cerca de 90 mãos e aumentei em todos os 45 botões. Eu era muito inexperiente. Olhando para trás, eu daria fold ou limp em algumas mãos, mas queria pressioná-lo. Ele estava apenas me dando 3-bet com mãos realmente boas.”
Riess estava forçando a ação, mas admite que enquanto ele queria aumentar para ver flops em posição com quase todo o seu range, ele também estava dando sorte.
“No heads-up, muito se resume à distribuição de mãos”, diz ele. “Se Jay tivesse saído com as minhas mãos e eu com as dele, ele provavelmente teria vencido.”
Riess aumentou e quase imediatamente Farber foi all-in. Riess deu um dos calls mais rápidos da história do Main Event e os dois ficaram de pé. Riess admite que ficou surpreso ao ver com o que Farber foi all-in.
“Fiquei surpreso ao ver essa mão especificamente. Talvez se a mão acontecesse novamente, ele poderia apenas pagar, mas eu estava aumentando em todos os botões e aconteceu de eu ter A-K. Ele pode ter pensado que estava sendo atropelado na mesa, mas eu estava apenas pegando boas mãos. Quando você está perdendo, pode ser desmoralizante. Você vai perdendo potes, fica frustrado e acaba fazendo coisas que não deveria. É emocionalmente desgastante perder muitas mãos no heads-up”.
Ansioso para o November Nine
“Foi o penúltimo ano com o November Nine. A ESPN enviou uma equipe de filmagem para minha cidade natal. Achei incrível. Sou abençoado e honrado por ter participado disso. Agora eles não dão nenhum tempo aos jogadores. A família nem tem tempo para voar e os jogadores não podem obter acordos de patrocínio ou mesmo cortar o cabelo”.
Riess acredita que se a WSOP desse aos jogadores uma semana, entre chegar à mesa final e jogar, seria perfeito.
“Acho que uma semana não é muito. Quatro meses foi muito legal, mas é muito tempo, e o jogo de alguém poderia mudar completamente neste tempo com coaching e solvers”, opina. “É o maior evento do poker, então quanto mais hype, melhor.”
Uma década depois de se formar, Ryan Riess é agora sinônimo de sucesso no poker e, em particular, no Main Event da WSOP. Ele também esteve perto de vencer o Main Event da WSOP Europe, mas apesar de terminar em quarto, chama-o de “o torneio que mais me assombra”.
“Eu era chip leader com seis jogadores restantes. O momento me afetou um pouco. Eu cometi muitos erros. Eu queria ganhar pelo legado de ganhar os dois [eventos principais], não pelo dinheiro. Me concentrei muito em como isso seria legal, e deixei a oportunidade escapar entre meus dedos.
Se Riess tivesse perdido com par de Ases para um par de Dez, ele admite que não teria se importado, já que não é uma pessoa orientada pelos resultados. O fato de ter perdido por ter jogado mal é o que o incomoda.
“Se eu cometo um erro, sou o crítico mais duro comigo mesmo. Martin Jacobson disse que ‘sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade’. Você não merece vencer se não estiver dando o seu melhor”.
Uma carreira no poker sem arrependimentos
Nove anos após seu maior momento, Riess não tem arrependimentos. Seu bracelete incrustado de diamantes do Main Event da WSOP 2013 está em um banco, em um cofre.
“Vale muito dinheiro, então não quero isso em casa”, diz Reiss com um sorriso. “Eu olho para ele de vez em quando. Para ser honesto, eu deveria fazer uma réplica com zircônias em vez de diamantes, mas ainda não consegui. Não me arrependo da minha carreira. Acho que poderia ter me esforçado mais se quisesse também, mas viajei para muitos lugares legais até quando o COVID começou e agora meu foco são meus filhos e passar o máximo de tempo possível com minha família”.
Este ano, a WSOP será nos cassinos Bally's e Paris, mas Riess não se importa de que o evento deixe o local onde ele fez seu nome. Na verdade, muito pelo contrário.
“Ganhei na primeira vez que joguei no Rio, então talvez aconteça de novo”, diz ele. “Estou otimista com isso. Estarei jogando praticamente todos os torneios NLHE, $25.000 ou menos. Não sinto necessidade de jogar os buy-ins de $100.000. As bolhas são estressantes e as crianças são caras”, finaliza rindo.
Você pode assistir a mão que mudou a vida de Ryan Riess aqui: